Durante audiência pública com discurso de 31
minutos, o prefeito de Cedral, Paulo Ricardo Beolchi de Lucas, o popular Janjão
(PPS), expôs ao promotor de justiça André Luís de Souza, sobre a situação financeira
do município. Lamentou estar trabalhando com orçamento defasado em cerca de R$
5 milhões por causa da Câmara Municipal, que não aprovou o projeto de novo orçamento de R$ 42 milhões.
Com muitas informações técnicas e algumas confusas, o prefeito afirmou que “quando se fala em orçamento, uma coisa
é orçamento e outra coisa é dinheiro”. “Tínhamos em 2018 um orçamento de 36
milhões e o município arrecadou 40 milhões. E dos quase 40, nós gastamos 37
milhões de reais”.
O prefeito disse que
Cedral é um dos poucos municípios do Estado que goza de saúde financeira
estável. “Tudo o que foi feito para o funcionalismo, em termos de salário, de tíquete,
de cesta natalina, foi feito com recursos próprios”.
Lembrou em seu discurso,
sem citar o nome do ex-prefeito José Luiz Pedrão (MDB), que a gestão anterior
deixou restos a pagar. “Tinha sim saldo de convênios, que era dinheiro
carimbado que não podia ser usado para outras coisas. Em 2017 fizemos tudo o
que fizemos, de reformas, consertos de frotas, pagamos tíquetes atrasados (aos
funcionários) e com a mesma arrecadação passamos o ano com 2 milhões de sobra,
sem deixar falta nada no município”.
Ele citou que realizou
reforma numa escola pagando 1.720 o metro quadrado, enquanto o Programa Minha
Casa, Minha Vida paga 1.750 reais pelo metro quadrado. “Três anos atrás tinha
obra aqui no município que pagaram 1.800 reais pelo metro quadrado”.
“Eu trabalho com números,
não faço política”, disse, assinalando que está com projetos de lei parados na Câmara esperando
serem votados. “Me devolveram projeto pedindo descriminação de tudo. Gastamos
quatro dias para levantar todos os convênios que sobraram dinheiro. Foi
informado item por item. Foi tudo explicado. Para mim surpresa voltaram pedindo
para desmembrar os projetos”.
Janjão elencou uma série
de convênios e de obras de sua gestão e pediu colaboração da Câmara Municipal.
Informou que em sua administração liberou 400 alvarás de construção. “São 400
novas famílias chegando para morar em Cedral”. Também justificou sobre a paralisação
das obras da creche, destacando que em 2014, antes da obra ser concluída, a
Câmara aprovou projeto dando nome para a creche. “Quando assumimos as obras estavam
paradas. Retomamos essa obra da creche, mas a empresa contratada não deu conta
de terminar. Tivemos que cancelar a licitação. Encontramos na fila oito
empresas. Nesse interim inspirou o convênio. Conseguimos com o Márcio França
(governador) a renovação do convênio”.
Para o prefeito a rejeição
pela Câmara do orçamento proposto foi um derrota política. “Em 40 anos de vida
pública eu nunca vi isso: uma Câmara rejeitar o orçamento enviado pelo prefeito”.
De acordo com nota postada
no site da Prefeitura, após ouvir as informações do prefeito e as apresentações
pelas Coordenadorias de Educação, Esportes, Assistência Social e Cultura, o
promotor André não poupou elogios à atual gestão por “investir significativamente
na infância e juventude”. No final o promotor pousou para fotos ao lado do
prefeito e da primeira-dama Sandra Jordão.
Câmara refuta
O presidente da Câmara
Municipal de Cedral, vereador Danilo Menani Tavares (PP), refutou, para o jornal Folha do Povo, as
declarações do prefeito Janjão. Disse que o prefeito omite a verdade quando
alega que vai trabalhar com orçamento defasado. “Na verdade o projeto de proposta orçamentária foi
rejeitado pela Câmara por falta de diálogo do prefeito”, afirmou, acrescentando
que “a Câmara é independente” e o prefeito irá trabalhar com o orçamento de
2018, mais a inflação do período.
“Quanto a devolução de
projeto de lei devemos enfatizar que nosso objetivo foi buscar informações sem
criar qualquer entrave para a administração. Porém o prefeito entendeu que não
deve prestar informações à Câmara, demonstrando, mais uma vez, que não é adepto
ao diálogo”, afirmou o presidente da Câmara.
Segundo Danilo Taveira, os
vereadores aprovaram abertura de crédito adicional de mais de R$ 3,5 milhões,
totalizando orçamento em 2019 de mais de
R$ 41,5 milhões. “Portanto essa alegação de orçamento defasado não prospera”,
afirmou o presidente da Câmara. “O prefeito precisa esquecer a rivalidade
política partidária e trabalhar em prol do bem da cidade e respeitar a
independência da Câmara Municipal”.
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