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Funfarme e Famerp realizam simpósio para buscar formas de combater a violência contra os idosos

O diretor executivo da Funfarme, Dr. Horácio Ramalho, abre o evento, ao lado de Dra. Maria Regina Godoy, chefe da Disciplina de Geriatria do Hospital de Base

A Funfarme e a Famerp – Faculdade de Medicina de Rio Preto promoveram, nos dias 13 e 14 de junho, a segunda edição do Simpósio de Prevenção da Violência Contra a Pessoa Idosa, no Hospital de Base, que promoveu a aproximação da área da saúde, da assistência social e das autoridades públicas na busca por melhorias no cuidado à população idosa. 

Nos dois dias, em meio a palestras e mesas redondas com médicos e autoridades públicas envolvidas com o tema, os participantes discutiram ações e políticas públicas eficazes com soluções viáveis para evitar a violência, que se manifesta sob formas, como a física, a psicológica, financeira e institucional.

Diante da gravidade do tema, o delegado e vereador Renato Pupo convidou a equipe de geriatria do Hospital de Base para ocupar a tribuna da Câmara para divulgarem as propostas que auxiliam no cuidado especializado ao idoso, inclusive nos casos de violência.

Dra. Andréa Campos Idaló Saurin, médica geriatra da Funfarme e vice-coordenadora da residência geriátrica da Famerp, destaca que as condições sociais da população idosa têm piorado em vários aspectos. “Por exemplo, muitos idosos são dependentes, precisam de cuidador 24 horas, e muitas famílias não têm condições de manter por questões financeiras. Este é apenas um problema. O objetivo principal do simpósio foi discutir maneiras eficazes que garantam que os idosos não sejam abandonados nem sofram outros tipos de violência", afirmou a especialista.

Na abertura do evento, Dr. Horácio José Ramalho, diretor executivo da Funfarme, lembrou que o primeiro selo conquistado pelo complexo hospitalar foi o “Amigo do Idoso”, em 2017 e reforçou o compromisso da Fundação para com a luta pelos direitos e respeito ao idoso. “A sociedade impõe aos idosos situação de vulnerabilidade em vários aspectos. Muito são arrimos de família. Há problemas e carências de transporte, mobilidade e acessibilidade na cidade e nos equipamentos urbanos. Outro problema é a carência de locais para cuidar e acolher os idosos que sofrem de demência”, enumerou Dr. Horácio.

A população vem envelhecendo, lembrou o diretor, citando como reflexo desta realidade a demanda crescente pelos serviços de saúde por parte desta faixa etária. Como reflexo desta realidade, Dr. Horácio informou que na sexta-feira (13 de junho), dos 845 pacientes internados no Hospital de Base, 288 tinham mais de 70 anos, ou seja, 34% do total.  

Simpósio reuniu profissionais de saúde e autoridades públicas envolvidas no combate à violência contra o idoso

Os atendimentos prestados pelo Hospital de Base refletem também a grave situação de fragilidade dos idosos, vítimas de violência. Os casos registrados pela instituição vêm crescendo na última década. Se até 2021, a média girava de 20 casos anuais, a partir de 2022 saltou para mais de 35, chegando a 53 em 2023. Este ano, até o dia 12 de junho, o Hb de Rio Preto havia atendido 21 idosos. Tentativa de suicídio responde por 41% dos casos, seguida por violência física (35%) e negligência (10%).

Quando comparados os anos de 2025 com 2024, considerando até o dia 12 de junho, um dado se destaca. O número de casos de tentativa de suicídio aumentou 50% neste ano em relação ao anterior.

A Delegacia de Proteção ao Idoso (DPI) de Rio Preto já havia registrado 166 denúncias de violência e maus-tratos contra este grupo etário até o dia 9 de junho. “A situação dos idosos é extremamente preocupante, sobretudo para os que dependem dos cuidados de familiares. Geralmente ele ocupa o cômodo no fundo do imóvel, nem sempre tem atenção como higiene, medicamentos e muitos sofrem ofensas e agressões”, afirma a delegada Dálice Aparecida Ceron. Para ela, grave também é a indiferença. “Os idosos estão totalmente alienados do seio familiares, são marginalizados, isso evidente nas denúncias que chegam à delegacia”, complementa.

O promotor público Sérgio Clementino também destacou o aumento da violência em suas várias manifestações (a física, a psicológica e a emocional) e chamou a atenção para os impactos do envelhecimento significativo da população. “Em várias cidades da região, já existem mais pessoas acima de 60 anos do que abaixo de 18 anos. As famílias são menos numerosas, têm menos filhos, por consequência, há mais idosos e menos familiares para cuidar deles, de forma que constatamos o aumento dos casos de abandono”, afirmou o promotor. 


Clementino disse a promotoria observa também o aumento de maus traços e de idosos em situação de risco. “É por isso que, diante desta triste realidade, parabenizo a Funfarme e Famerp pela iniciativa de promover este simpósio, pois as instituições e profissionais de saúde são essenciais para identificar estas situações, fazer as devidas comunicações e ajudar a cuidar destes idosos também”, finalizou o promotor.

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