Folha2

DIA MUNDIAL DO DIABETES Câmara Hiperbárica é aliada no tratamento de pacientes com pé diabético

 

 Dr. Antonio Carlos Christiano Júnior e Dr. Antônio Carlos Pires explicam os benefícios da câmara hiperbárica para tratamento de pé diabético

Crédito: Rita Fernandes / Funfarme Divulgação


Cerca de 20 milhões de brasileiros têm diabetes, segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), sendo que aproximadamente 10% dos pacientes têm o tipo 1 e 90% têm o tipo 2 da doença. Somente o complexo hospitalar da Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto (Funfarme) atende, anualmente, mais de 10 mil pacientes regulares no Ambulatório de Diabetes. 

Além do ambulatório, que garante atendimento multidisciplinar, acompanhamento e conscientização, esses pacientes também contam com o Serviço de Medicina Hiperbárica, oferecido no Hospital de Base (HB) para pessoas com dificuldade de cicatrização, como feridas e lesões em pacientes diabéticos, por exemplo. 

Nesta terapia, chamada oxigenoterapia hiperbárica, até nove pacientes entram em uma câmara cilíndrica e utilizam máscaras para respirar oxigênio puro, enquanto são submetidos a uma pressão de duas a três vezes a pressão atmosférica ao nível do mar. Durante a sessão, que tem uma hora e meia de duração, é como se o paciente estivesse em um mergulho a 15 metros de profundidade. 

O médico intensivista Dr. Antonio Carlos Christiano Junior, responsável pelo Serviço de Medicina Hiperbárica do HB, explica que o equipamento proporciona um espetacular aumento na quantidade de oxigênio transportado pelo sangue, na ordem de 20 vezes o volume que circula em indivíduos que estão respirando ar ao nível do mar.

“A medicina hiperbárica é um tratamento coadjuvante realizado por meio de um equipamento, chamado câmara hiperbárica, que aumenta a pressão do ambiente, e o paciente recebe oxigênio a 100% por meio de uma máscara. O oxigênio liberado melhora a circulação e, consequentemente, a irrigação sanguínea do tecido que está prejudicado pelo diabetes”, diz. “Nestas condições, o oxigênio produz uma série de efeitos terapêuticos, como combate de infecções bacterianas e por fungos, além de compensar a deficiência de oxigênio decorrente de entupimentos ou destruição de vasos sanguíneos, como acontece em casos dos pés de pacientes com diabetes”, completa.

Obesidade e hipertensão são fatores de risco

O diabetes mellitos é causado pela produção insuficiente de insulina no pâncreas ou pelo aumento da resistência dos órgãos à insulina – hormônio essencial para que o açúcar presente do sangue (a glicose) possa entrar nas células do corpo. 

A doença, que é crônica e afeta principalmente obesos e hipertensos, pode causar problemas cardiovasculares, hepáticos, oftalmológicos e neurológicos, entre outros. 

O endocrinologista responsável pelo Ambulatório do Complexo Funfarme, Dr. Antônio Carlos Pires, destaca a importância do controle e tratamento do diabetes, já que o aumento da glicose no sangue pode causar outras doenças e danos no corpo humano. 

“O diabetes é uma doença metabólica, crônica e não curável, mas controlável. Portanto, ele é tratado fundamentalmente para evitar as complicações de longo prazo. Para se ter uma ideia, a doença é a principal causa de insuficiência renal crônica, de cegueira adquirida e de amputações de membros inferiores no mundo todo. O tratamento é extremamente necessário para evitar complicações como essas”, diz o endocrinologista. 

O médico responsável pelo Serviço de Medicina Hiperbárica do HB observa que o “pé diabético” é uma importante preocupação de médicos e pacientes. Por isso, a câmara hiperbárica deve ser indicada o mais precoce possível no tratamento.  

A neuropatia, que são distúrbios nos nervos, e a obstrução das artérias causam modificações nos pés dos pacientes, como alterações na circulação, na sensibilidade, na motricidade e no formato, que também pode agravar com o desenvolvimento de infecção no local. O diabetes é a principal causa de amputações de pés, excluindo as que são relacionadas a acidentes. 

Segundo Dr. Antonio Carlos Christiano Junior, a dificuldade na cicatrização acontece porque o diabético perde os vasos sanguíneos. “São os vasos que trazem aquele ‘exército de defesa do organismo’ (imunidade) que combate o processo infeccioso. Esse ‘exército’ se alimenta de glicose e de oxigênio. A câmara hiperbárica consegue fornecer oxigênio sem a necessidade dos vasos. Portanto, este tratamento faz com que ‘aquele exército’ (imunidade) responsável pelo processo de regenerar as células seja alimentado com oxigênio”, explica.

“A medicina hiperbárica garante oxigênio em altas doses. Isso é muito interessante porque o paciente não depende dos vasos para oferecer oxigênio aos tecidos. Em casos de obstruções vasculares, que é a principal causa da manutenção das feridas abertas, o tratamento proporciona fornecimento de oxigênio e cicatrização mais rápida, já que as células se proliferam em um ambiente mais adequado e numa velocidade muito maior”, garante. 

“A câmara hiperbárica é um tratamento complementar, sem descartar a necessidade de curativo tópico, o uso de antibiótico e controle da glicemia, por meio de dieta balanceada e medicamento para controle da taxa de açúcar no sangue. “De nada adianta fazer 40 sessões e não aderir ao restante do tratamento, como controlar o diabetes”, diz o médico intensivista.  

Sinais e sintomas de pé diabético:

Dormência ou sensação de formigamento

Dor

Mudança na pele, que se torna ressecada e com fissuras

Alteração no formato dos dedos (dedos em garra), que gera calosidades nos pontos de apoio no chão

Unhas com deformidades

Complicações do pé diabético:

Neuroartropatia de Charcot - alterações ósseas que levam a “desabamento” do arco plantar, tornando o pé plano

Úlceras ou feridas extensas nesses pontos, com calosidades ao redor

Cicatrização lenta ou inexistente

Gangrena

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

vários

Folha2
Folha2