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Brasil teve outras 12 bandeiras com cores diferentes

 

Cada item da nossa bandeira tem um significado importante


Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

A bandeira do Brasil é um dos símbolos nacionais mais importantes e representativos do país. A bandeira tal como conhecemos hoje, como o retângulo verde, losango amarelo e o círculo azul com a inscrição “Ordem e Progresso” ao meio, foi criada em 1889, logo após a Proclamação da República. Mas antes dela, o Brasil teve outras 12 bandeiras, nas quais predominavam as cores branco e vermelho.

A primeira foi a bandeira da Ordem de Cristo, que veio tremulando nas naus comandada por Pedro Alvares Cabral. Depois o Brasil foi também representado por outras bandeiras, mas todas estavam associadas ao colonizador, Portugal, que detinha o poder efetivo sobre o território. Durante a colonização, o Brasil usou, por exemplo, a chamada “bandeira dos reis”, que foi a bandeira real portuguesa entre 1500 a 1521. Também usou a bandeira na época de domínio espanhol, entre 1616 e 1640, quando o rei Felipe 2º anexou Portugal ao território da Espanha. Ainda houve a bandeira do Principado do Brasil, usada de 1645 a 1816. E quando a Família Real chega ao Brasil o país ganha um novo símbolo nacional, a bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, vigente até 1821. 

Essa foi a bandeira utilizada pelo Brasil após a proclamação da sua independência. Foi desenhada por um pintor francês, a pedido de Dom Pedro 1º

Bandeira do império durou 67 anos

Logo após a proclamação da Independência, no dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro 1º encomendou ao pintor francês Jean Baptiste Debret o desenho da bandeira do Império. Ela era muito parecida com a nossa atual bandeira. O retângulo verde e o losango amarelo eram idênticos. O que mudava é que ao invés da circunferência azul no centro havia o desenho de uma coroa, simbolizando a monarquia e um brasão de armas adornado, nas laterais, com ramos de folhas de café.

Após a proclamação da República, em 15 de novembro, foi hasteada, pela primeira vez, defronte ao palácio do governo, no Rio de Janeiro, a bandeira dos Estados Unidos do Brasil, produzida e costurada nas pressas, que, na verdade, era uma cópia da bandeira dos Estados Unidos da América, com as 13 listas horizontais simbolizando os estados na época da independência americana. A única coisa que mudava eram as cores. Mas a validade dessa bandeira durou apenas quatro dias.

 O engenheiro, professor de matemática e diretor da Escola de Positivismo, Raimundo Teixeira Mendes, reuniu-se numa mesa de uma adega com o seu amigo filósofo Miguel Carlos Correia de Lemos. Os dois esboçaram então em um papel quadriculado como imaginariam que teria que ser a bandeira do Brasil. E encomendaram a obra para o pintor, escultor e desenhista positivista Décio Rodrigues Villares, que passou a noite em claros para pintar numa tela o primeiro esboço daquilo que seria a bandeira do Brasil.

 A proposta foi apresentada ao ministro Benjamin Constant, também professor na escola Positivista, que aprovou e levou a ideia para o governo. No dia 19 de novembro de 1889, quatro dias após a proclamação da República, era publicado o Decreto nº 4, assinado por Rui Barbosa, então ministro provisório da Fazenda, oficializando a bandeira nacional, com as cores verde, amarelo e azul, tal como haviam planejado Teixeira Mendes e Miguel Lemos.

 No dia 24 de novembro de 1889 era publicado outro decreto esmiuçando detalhadamente as especificações da bandeira. O verde representava a Casa Bragança de Dom Pedro 1º, e o amarelo a Casa de Habsburgo, de Maria Leopoldina, das Áustria. O verde também simbolizava as nossas matas, o amarelo o ouro, o azul os mares e os rios e o branco a paz. Quando a bandeira foi aprovada o Brasil tinha 15 estados representados pelas estrelas abaixo da faixa branca. A estrela superior representava o estado do Pará, que era na época o maior território acima da linha do equador. 

As três bandeiras utilizadas pelo Brasil após a independência do país

Desenho diferente

A estampa da bandeira do Brasil não contém nada do estilo europeu, nem do modelo americano. Tanto as cores como as formas da bandeira nacional brasileira diferem totalmente dos símbolos dos demais países.

A composição das cores e das formas geométricas são réplicas da primeira bandeira após a proclamação da independência brasileira. Para marcar o fim dos 320 anos da colonização portuguesa, Dom Pedro 1º ordenou que se criasse uma nova bandeira, que continuou também no governo de Dom Pedro 2º. A queda do império aconteceu de uma maneira totalmente adversa da ocorrida em demais países. Aqui não houve derramamento de sangue porque não houve participação popular. Não ocorreu inclusive qualquer resistência do imperador e dos grupos apoiadores da monarquia.

A proclamação da república foi mais um ato simbólico de um grupo da elite brasileira, que incluía os grandes fazendeiros, produtores de café e algodão, revoltados com a abolição dos escravos, e os militares descontentes com Dom Pedro 2º desde o fim da Guerra com o Paraguai. 

Após a proclamação da República essa bandeira foi usada pelo Brasil por apenas quatro dias

Pertencimento

 O promotor Sérgio Clementino relatou a sensação de alegria e pertencimento quando avistou as cores verde, amarelo com o circulo azul em uma movimentada avenida de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Era um restaurante brasileiro. O português falado sem sotaque, a comida brasileira e a caipirinha logo na entrada deram a ele e a sua família a sensação de pertencimento: “somos deste lugar”.

O surgimento das bandeiras para simbolizar as nações remonta aos tempos antigos quando os povos começaram a adotar emblemas visuais para identificar suas embarcações e exércitos nas batalhas sangrentas. As bandeiras também representavam as propriedades dos reis, desde carruagens até grandes e extensas áreas territoriais.

E cada bandeira tem sua história e significado. A 13 listas da bandeira dos Estados Unidos, por exemplo, representam as colônias na época da independência e o quadrado azul com as estrelas representam os 50 estados norte-americanos.

 Recentemente a bandeira nacional chegou a ser utilizada como forma de identificar uma corrente política, que se apropriou do símbolo nacional como se pertencesse a um partido político. Isso fez que se cogitasse a proibição do seu uso em dias de eleições.

Existem falácias propagando que as cores da bandeira seriam mudadas se determinada corrente política vencessem as eleições no Brasil. Não passam de inverdades. Não existe nos programas de governos de nenhum dos 30 partidos políticos brasileiros, e nem nas plataformas dos planos daqueles que foram candidatos, nenhuma propositura ou intenção para mudar as cores da bandeira.

Protótipo da bandeira nacional em quadro pintado pelo artista Décio Villares

Os autores do desenho da bandeira nacional: o matemático Raimundo Teixeira Mendes (à eesquerda), o filósofo Miguel Lemos (ao centro) e o pintor desenhista Décio Villares


Essa foi a primeira bandeira que aportou no Brasil, a Bandeira da Ordem de Cristo, que chegou junto com as naus de Pedro Alvares Cabral


Rascunho da bandeira, feito num papel quadriculado, pelo engenheiro e matemático Raimundo Teixeira, na companhia do filósofo Miguel numa mesa de bar no Rio de Janeiro

Esse quadro mostra todas as 12 bandeiras, e seus respectivos períodos, adotados pelo Brasil

A representatividade de cada estrela no círculo azul da bandeira do Brasil



Bandeira do Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, utilizada pela Família Real até 1821





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