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Túmulo do Menino da Tábua atrai milhares de fiéis

 

Mausoléu do Menino da Tabua em Maracaí recebe todos os anos milhares de fiéis

Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

Todos os anos, no último final de semana de agosto, fiéis se aglomeram na porta do cemitério municipal de Maracaí para visitar o túmulo do Menino da Tábua. Desde o começo do século passado nas rodas de família por esse Brasil afora correm comentários sobre o tal Menino da Tábua, com sua peculiar história de vida, as lendas envolvendo sua trajetória e, é claro, seus milagres.

A movimentação é tanta no local que chega a superar a quantidade de habitantes da cidade. Com população estimada em cerca de 13 mil pessoas, neste ano estavam sendo aguardadas cerca de 15 mil fiéis para participar da tradicional Festa do Menino da Tábua, com apresentações artísticas e culturais, bem como uma ampla praça de alimentação com opções de compra de souvenir e produtos relacionados ao menino que é considerado por muitos como milagreiro. O Menino da Tábua ainda não é considerado santo, apenas na devoção popular. Mas existe todo um trabalho técnico-cientifico da Igreja Católica para estudar seus milagres com o objetivo de canonizá-lo.

Quem é o Menino da Tábua

Menino da Tábua é, na verdade, um apelido dado a Antônio Marcelino. Acredita-se que ele nasceu em 31 de agosto de 1900, num vilarejo que viria a ser mais tarde o município de Cândido Mota, na região de Assis, a 70 km de Marília (SP). Um problema de saúde muito grave acompanhou essa criança pela vida toda. Apenas a cabeça e membros superiores se desenvolviam. Se transformou num adulto com corpo de criança. Segundo relatos, mesmo adulto, ele exibia a aparência de uma criança de três anos de idade.

Ainda muito cedo a família se mudaria para a pequena cidade de Maracaí. “Não comia arroz, feijão e carne. Só tomava água e leite, igual a uma criança recém nascida”, conta em vídeo o autor do livro “O Menino da Tábua”, Claudio Junior Ribeiro. “Muita gente levava os mantimentos para ele, em visitas. Como não comia, os alimentos ficavam para a família, de dez irmãos”.

Outra característica marcante e que viria a dar seu nome era a tábua, uma madeira larga utilizada para lavar roupa na beira do rio. Desde muito pequeno, Marcelino se apegou a essa tábua e não ficava em colchões, camas com lençóis. Chorava sem parar se não estive agarrada a essa tábua de madeira. O conforto lhe afastava. Só a tábua lhe dava descanso.

Durante toda sua vida jamais se afastou dessa tábua. Ele faleceu em 1948, no mesmo dia e mês em que nasceu aos 45 anos de idade, aparentando ser uma criança de três anos, tanto de rosto como de corpo. Por decisão da família, quando morreu foi enterrado com a tábua.

Marcelino também não gostava de usar roupas. Um sobrinho comenta em vídeo que a mãe do Menino da Tábua chegava a costurar roupas e também abrigá-lo com cobertores nos dias frios e chuvosos. Colocava de noite e pela manhã a roupa e os cobertores estavam no chão, o que era um mistério, já que Marcelino era incapaz de andar e movimentar suas pernas e braços. Apesar da situação de aparente extremo sofrimento, Marcelino e sua tábua chamaram a atenção da vizinha. Imóvel e sem poder sair de seu quarto começou a receber visitas e quem o visitasse era sempre curado de alguma doença. Não demorou para a fama de “milagreiro” correr por toda a região.

Quando ele morreu, sua morte causou grande comoção. Por dias e dias fiéis compareceram ao cemitério para levar brinquedos e, principalmente, bolos e doces. A dupla sertaneja Pardinho e Pardal lançou, em 1977, uma música contando a devoção do povo ao Menino da Tábua. A devoção aumentou ainda mais e, impulsionada pelo sucesso da música, foram construídos mausoléu e a capela, que neste último final de semana, formou-se filas de fiéis para visitar o local.

Sala dos Milagres na capela construída para louvar o Menino da Tábua em Maracaí

Cemitério de Maracaí virou ponto turístico religioso por causa do túmulo do Menino da Tábua

Formam-se filas de fiéis para entrar na capela, construída em devoção ao Menino da Tábua

A dupla Pardinho e Pardal lançou, em 1977, disco retratando a saga do Menino da Tábua

Mesmo com o tempo nublado e ameaçando chuvas, fiéis formaram filas no cemitério para ver o túmulo  milagroso do Menino da Tábua (fotos de Paulo James)


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