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Jeep, o valente fora da estrada, foi concebido para a guerra

Jeep foi criado em 1941 para ser usado pelo exército norte-americano na Segunda Guerra Mundial

 
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

O termo “jeep” era uma gíria militar usada desde os anos 1910 no exército dos Estados Unidos para se referir a qualquer coisa insignificante, boba ou estranha. Virou apelido para os novos recrutas e, com o tempo, sinônimo de automóveis destinados ao uso fora de estrada, normalmente com tração nas quatro rodas.

 Seja como for as origens do nome, o veículo Jeep surgiu durante a Segunda Guerra Mundial quando, no início de julho de 1940, o exército americano enviou convites a 135 industrias para a construção de 70 veículos reconhecidamente leves e com tração 4x4. Em tempo recorde, um mês depois eram abertas duas propostas: uma da Bantam e outra da Willys. Faltando 30 minutos para o final do prazo, a Ford também apresentou sua proposta. O plano era urgente. Deram 11 dias para elaboração do projeto e 49 dias para as fábricas apresentarem o modelo pronto. A Bantam apresentou o primeiro modelo. Willys e Ford também apresentaram os modelos pilotos. Todos eram muito parecidos. Em novembro de 1940 o governo americano encomendou 1.500 modelos a cada um dos três fabricantes. E assim surgiu em 1941 o veículo para a guerra, batizado como Jeep.

Ao final da Segunda Guerra, a Willys requisitou o registro do nome Jeep, o que foi contestado na justiça pela Bantam, que só cedeu o direito de uso da marca após sua falência em 1956.

Jeep no Brasil foi lançado em 1952

 No Brasil, o Jeep foi lançado em 26 de abril de 1952 com a fundação da Willys Overland do Brasil, produzindo e vendendo o veículo em larga escala até 1983, mesmo depois da fábrica ter sido adquirida em 1967 pela Ford. Em 1958, a Vemag, sob a licença da DKW, tentou lançar o Jipe DKW, mas a Willys detinha os direitos sobre o nome e impediu que usassem essa marca. Daí surgiu o nome Candango, em homenagem aos operários que trabalharam na construção de Brasília.

 A fábrica da Willys Overland ficava em um amplo terreno localizado quase no limite de São Bernardo do Campo com São Paulo produziu, sem sucesso, com base do chassi do Jeep, o Aero Willys, com linhas arredondadas, típica dos anos 50 como o Simca Chambord, os Volskwagen, DKW e Dauphine. Em 1957 lançou a perua Rural Willys, quando todos os motores já eram produzidos na unidade, a qual tinha até uma fundição e usinagem próprias.

 Enquanto a economia do Brasil ia muito bem, a Willys chegou a montar uma unidade de produção em Pernambuco, que seria a primeira fábrica de veículos do Nordeste. Assim, a fábrica de São Bernardo do Campo ficaria encarregada de produzir automóveis e o Jeep, e outros utilitários, seriam feitos no Nordeste, de onde poderiam ser facilmente exportados, além de abastecer o mercado local com grande demanda para modelos de tração integral.

 Rural Willys e Bandeirante da Toytota 

A Rural Willys foi o "avô dos veículos utilitários no Brasil (foto reprodução do site Classicos Premium)

Apelidado como "jeepsauro", numa referência aos dinossauros, esse Bandeirante da Toyota foi leiloado nos Estados Unidos por mais de 30 mil dólares

 A Rural Willys foi o primeiro veículo do tipo com a carroceria toda em metal, em contrapartida às carroceiras de madeira, então comuns. Com pequenas diferenças, foi produzida também em outros países, como o Japão, onde foi fabricada pela Mitsubishi, e a Argentina, onde foi fabricada pelas Industrias Kaiser com o nome de Estanciera.

Muito provavelmente pelos mesmos motivos da exclusividade do nome garantido à Willys, a Toyota lançou no Brasil, em 1958, o modelo muito parecido com o Jeep, mas com o nome de Bandeirante. O Bandeirante tinha a "mesma cara" do tradicional Jeep. Tinha motor a gasolina com seis cilindros com capota metálica. Em 1962, passou a produzir o Bandeirante, incorporado a um motor diesel de quatro cilindros da Mercedes-Benz.

 Jeep Renegade

Em 2015 foi lançado no Brasil o Jeep modelo Renegade, fabricado na cidade de Goiana, a 65 km de Recife, em Pernambuco. Nessa unidade, que é a mais moderna fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) do mundo, já foram produzidos mais de 220 mil modelos dos Jeep Renegade e Compass, além da picape Fiat Toro.

Curiosamente a antiga fábrica da Willys em São Bernardo do Campo já produziu o Jeep, Gordini, carros da Ford, Renault, Volkswagen e até a Chrysler.

 Jimny da Suzuki 

O Jimny é o chamado "jeepinho da Suzuki", um dos melhores do segmento

O Jimny é, na prática, o “jeep” da Suzuki. Ele surgiu em abril de 1970 no Japão e foi o primeiro veículo 4x4 produzido em série naquele país. Sua versão original atingia velocidade máxima de 75 km/h. O primeiro Jimny trazia o estepe dentro da cabine e oferecia apenas três assentos. Desde o seu lançamento, em 1970, até hoje, a linha Jimny da Suzuki já está na sua quarta geração. Comercializado no mercado brasileiro como Jimny Sierra, o modelo traz uma série de características que o tornam uma das melhores opções dentro desse segmento de veículos.

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Jeep com capota de lona, a perua Rural Willys e o Gordini, veículos produzidos pela fábrica da Willys em São Bernardo do Campo 

Esse foi um dos primeiros Jeep produzidos pela Bantam para o exército dos EUA

Fábrica da Willys Overland durante o lançamento dos primeiros modelos do Jeep no Brasil

Espalhados pelo Brasil existem dezenas de Clubes dos Jipeiros, aqueles que são apaixonados pelos Jeeps antigos 

Muito dos primeiros Jeeps lançados no Brasil na década de 1950 estão ainda rodando por aí 

Fachada da fábrica da Willys em São Bernardo do Campo na década de 1960



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