Nelson Gonçalves, para a Folha2
Quem percorre as ruas e avenidas de São Paulo já
se acostumou a ver, por vários lugares, placas indicando o caminho para o
Aeroporto de Congonhas. Entretanto a maioria desconhece a origem desse nome e
poucos sabem que o aeroporto, desde 2012, mudou a nomenclatura e chama Freitas
Nobre.
Inaugurado em meados dos anos 1930 em área
descampada, após o antigo campo de marte ser encampado pela Aeronáutica, o
aeroporto é o segundo do país em número de passageiros. Opera no limite de suas
pistas, com 536 voos comerciais por dia, o que equivale a um pouso ou uma
decolagem a cada 2 minutos. Possui 78 posições de check-in e 57 totens de
autoatendimento. O Aeroporto Internacional de Guarulhos, que na verdade leva o
nome do ex-governador André Franco Montoro, consolidou-se como a principal porta
de entrada do Brasil. No ano passado registrou movimento expressivo de 41,3
milhões de passageiros, reforçando sua posição como maior aeroporto da América
Latina.
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Aeroporto de Congonhas em foto tirada no final dos anos de 1970 |
Desde 1920, a cidade de São Paulo era atendida
pelo Campo de Marte, localizado nas margens do rio Tietê, onde as chuvas
constantemente causavam alagamentos. Durante a Revolução de 1932, o local
sofreu bombardeio e foi ocupado pelas tropas do governo de Getúlio Vargas que
instalou ali a base da Aeronáutica. Em 1935, o governador Armando de Sales
Oliveira resolveu reanexar o então município de Santo Amaro à capital paulista
e a região passou a ser estudada para abrigar um novo aeroporto, por suas
condições naturais de visibilidade e de drenagem, longe das áreas alagadiças.
Na época São Paulo tinha cerca de 1 milhão de habitantes e a construção recebeu
muitas críticas por estar numa área afastada de tudo.
O nome Congonhas foi uma homenagem ao Visconde de
Congonhas do Campo, Lucas Antônio Monteiro de Barros (1767-1851), o primeiro
governador de São Paulo, após a Independência do Brasil em 1822. Congonhas
também é o nome de um tipo de erva-mate muito comum em Minas Gerais, na região
onde se situa Congonhas do Campo, cidade natal de Monteiro de Barros.
Em 1957, o Aeroporto de Congonhas passa a ser o
terceiro do mundo em movimento de carga aérea, depois de Londres e Paris. Em
1959, a ala internacional é inaugurada e a ponte aérea Rio-São Paulo é criada,
após acordo entre as companhias Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul.
Em 31 de outubro de 1996, o Fokker 100, da TAM,
decolou do Aeroporto de Congonhas com destino ao Aeroporto Santos Dumont, no
Rio de Janeiro. Problemas técnicos fizeram com que o avião perdesse
sustentação, levando a queda da aeronave que atingiu 8 casas no bairro
Jabaquara, matando três pessoas em solo. Todos os 96 ocupantes do avião,
passageiros e tripulantes, morreram no acidente.
Passados 11 anos, em 17 de julho de 2007, ocorreu
o maior acidente da história de Congonhas e da aviação brasileira. Um Airbus
A320, da TAM, vindo do Aeroporto Internacional de Porto Alegre, teve problemas
de frenagem ao pousar na pista principal do aeroporto de Congonhas, fazendo com
que o avião não conseguisse parar. No final da pista a aeronave fez uma curva,
passando por cima da avenida Washington Luís e colidindo com um prédio da
própria TAM, do outro lado da avenida. Todos os 187 ocupantes do avião
morreram, juntamente com outras 12 vítimas em solo. Outras 13 pessoas em solo
ficaram feridas. Na época, o Aeroporto de Congonhas era o mais movimentado do
país, recebendo mais de 18,8 milhões de passageiros naquele ano, 50% acima de
sua capacidade operacional.
Em 4 de janeiro de 2003, um avião particular que transportava o deputado Valdemar Costa Neto caiu no barranco da cabeceira da pista do aeroporto de Congonhas, quando o piloto perdeu o controle da aeronave por causa do asfalto molhado. Valdemar e sua então namorada Maria Cristina Mendes Caldeira saíram ilesos, pegando um táxi na rua em que caíram para irem para casa.
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Ex-deputado, jornalista e advogado José Freitas Nobre, durante discurso na Câmara Federal |
Cearense de nascimento, José de Freitas Nobre chegou em São Paulo ainda jovem e trabalhou nos jornais Diários Associados, Última Hora, Folha da Manhã e na revista O Cruzeiro. Por três vezes foi presidente do Sindicato dos Jornalistas e em duas ocasiões presidente da Federação Nacional dos Jornalistas. Foi vice-prefeito de São Paulo, na gestão de Prestes Maia.
Na década de 1970 foi eleito deputado federal pelo
antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), por seis mandatos consecutivos.
Tornou-se líder do partido na Câmara e foi um dos políticos que, da tribuna,
mais se opôs à ditadura militar.
Na época em que foi vice-prefeito conheceu Chico
Xavier, com quem manteve longa amizade por toda a vida. Foi fundador e durante
16 anos editou a Folha Espirita, o primeiro jornal doutrinário a ganhar as
bancas de jornais do país para propagar o espiritismo.
Durante as reuniões n Comunidade Espírita Cristã,
em Uberaba, Chico Xavier recebeu uma mensagem de Emmanuel destinada à Freitas
Nobre. Nela, Emmanuel falava de sua longa tarefa de pacificação no Brasil.
Chico transmitiu a mensagem para Freitas Nobre: “Emmanuel está dizendo que o
senhor será chamado a atuar em época muito difícil para o nosso país, quando
haverá, inclusive perigo de derramamento de sangue. Haverá turbulência nesses
períodos de mudança e o senhor atuará como pacificador, evitando confronto e
radicalizações”. A profecia começou a se concretizar, quando Freitas Nobre foi
eleito deputado federal. Ele atuou, muitas vezes, como pacificador, evitando
derramamento de sangue.
Como advogado e jornalista escreveu 22 livros, entre os quais “Imprensa e Liberdade” e “Anchieta, o Apóstolo do Novo Mundo”. Entre os projetos de lei na Câmara o que criava a Ordem Nacional dos Jornalistas (ONJ), que acabou sendo arquivado.
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O piso preto e branco no hall de entrada e do salão dos guichês do aeroporto ... |
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... é uma das marcadas registradas do aeroporto de São Paulo |
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Aeroporto de Congonhas em foto tirada no final da década de 1970 |