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Presidente eleito para comandar o Rotary Internacional defende as revistas impressas

O brasileiro Mário César Camargo será o próximo presidente internacional do Rotary

 Nelson Gonçalves, jornalista da Folha2

O presidente eleito para assumir o Rotary Internacional, o brasileiro Mário César Martins de Camargo, foi bastante enfático quando lhe perguntaram, durante reunião com rotarianos, se a revista mensal da instituição deixaria de ser impressa para ficar apenas na versão digital. “Sou totalmente contra acabar com a revista impressa”, afirmou, informando ter aprendido na Dinamarca de que é muito melhor “empurrar o leitor para ler a revista impressa” do que fazer o leitor procurar a revista no mundo digital para ler.

 De acordo com Mário César, essa tática é muito simples. “Com a revista impressa na estante ou na mesa do café em algum instante aquele leitor vai pegá-la nas mãos para folhear as páginas da revista e ler algum assunto com o qual pode se deparar e interessar”. As estatísticas mostram, segundo ele, que o índice de leitura com a revista impressa já é muito baixo e com o sistema digital é mais baixo ainda.

 Outra razão destacada pelo presidente eleito para comandar o Rotary Internacional é o custo. Ele afirma que é falsa a informação de que a instituição estaria economizando nos gastos com impressão. “Não vai eliminar custos se deixarmos de imprimir porque a impressão de qualquer revista ou jornal representa pouco no custo-benefício final”, explicou o futuro presidente, que acumula experiência no assunto por ter atuado na direção da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e na presidência da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica). “Os maiores custos são com a produção e apuração do conteúdo. Se quisermos ter material de boa qualidade precisamos de bons jornalistas e bons fotógrafos. E isso representa mais de 60% do custo final de uma revista, tanto impressa como digital”.

Vantagens da revista impressa 

Mário César também enumerou várias vantagens oferecidas pelas revistas impressas. Entre elas a experiência sensorial inigualável. O toque do papel, o cheiro da tinta e a beleza das imagens proporcionam uma imersão profunda no conteúdo que não é possível reproduzir digitalmente. Sem falar na comodidade de levar a revista impressa para qualquer lugar, independente de energia ou sinal de internet.

 O jornalista, roteirista e escritor Jorge Tarquini, ex-diretor de redação das revistas Quatro Rodas e Terra, na Editora Abril, acrescenta que nem tudo cabe num “Tik Tok”, rede social para compartilhamento de vídeos curtos, de 15 a 60 segundos. “O bom jornalismo produz e coloca em páginas mais generosas que os 240 caracteres que um Twitter ou caixa de Facebook tem. E sempre haverá quem deseja buscar mais informações com conteúdo e qualidade”.

 Tarquini lembra de longas histórias condenando, muitas vezes, o rádio e o cinema ao fechamento. “O primeiro se tornou o melhor amigo da internet. Estão aí os podcats e o Spotify que não me deixam mentir. Já o cinema não só se mantém vivo, como tem descendentes saudáveis, principalmente no universo das redes por assinatura, movimentando a cadeia produtiva e o público do audiovisual”.

Comungando da mesma opinião Caco Alzugaray, presidente-executivo da Editora Três, responsável pela publicação da revista Isto É, afirma que “a revista impressa não está acabando e nem vai acabar”.

 Com grande experiência no ramo, o executivo, cujo pai, Domingos Alzugaray, foi fundador da Editora Três, explica que está havendo mudança de proposta no meio editorial. “A revista semanal de informação nasceu há mais de 80 anos com a Times, nos Estados Unidos. Foi criada realmente para informar o que acontecia naquela semana e cumpriu esse papel até os últimos anos. Porém, faz alguns anos que a revista semanal não informa mais diretamente porque todo mundo consome notícias no mesmo segundo através dos meios digitais. Então, a revista semanal deixa de ser informação para virar a análise, ela sinaliza para onde está indo o mundo, seja o mundo do seu bairro, cidade ou país”.

Bate-papo informal com a base 

Mário César, eleito para ser o próximo presidente internacional do Rotary, conversa de igual para igual com todos os associados dos clubes. "Nosso maior patrimônio são os nossos associados", afirma, repetidas vezes

Durante quase duas horas o futuro presidente internacional do Rotary participou de um bate-papo informal com a participação de cerca de 150 convidados, entre governadores, presidentes de clubes, ex-dirigentes e associados de clube. Entre os participantes estavam a ex-governadora do Distrito 4480, Lourdinha Dalton, de Catanduva, e Antonio Tartari, de Jaú. De forma tranquila, precisa e sem rodeios, Mário César respondeu a todas as perguntas formuladas. A iniciativa do encontro foi do jornalista Márcio Medeiros, ex-governador do Rotary que coordenou a mediação das perguntas ao presidente eleito.

 “Atualmente, o Rotary enfrenta uma forte concorrência por associados e verbas de outras ONGs e instituições”, disse ele. “Precisamos rejuvenescer a nossa marca e buscar novos associados. Faz trinta anos que estamos estagnados na casa de 1,2 milhão de associados. Precisamos formar mais parcerias de longo prazo nas comunidades para aumentarmos esse número”. Ele disse que pretende conectar-se pessoalmente com os líderes políticos, comunitários, empresários e os associados para desenvolver novas parcerias. “Temos que pensar mais no coletivo e no interesse geral”.

 Mário César deixou claro que não pretende ser maior do ninguém no Rotary. “Não quero deixar meu nome para a história. Temos que ter a mentalidade de fazer planejamentos para longo prazo. Nosso maior desafio será o de trazer novos associados. Mas não aquele associado que entra tipo numa porta-giratória de um aeroporto e sai dali alguns instantes ou poucas horas depois”.

 Mário César disse também que não quer em seu time gente tipo “meia-boca” que diga “amém” para tudo. “Quero gente que conversa, que dialoga e  discuta, que questiona. O mundo não é uníssimo. O mundo por definição é controverso”. No entanto, como em toda instituição democrática, Mário mostrou ter consciência de que nem tudo poderá ser do jeito que o presidente quer. Para isso há um conselho consultivo e deliberativo. “Mas eu vou ‘vender’ e defender as minhas ideias. Sou vendedor para vender e advogado para defender”, brincou. “E isso eu sei fazer muito bem”.

Reunião bastante produtiva 

Jornalista Márcio Medeiros, ex-governador do Rotary e organizador do encontro afirma que "quem não se envolve, não se desenvolve"

A reunião dos dirigentes e líderes dos Distritos e dos clubes rotários com o futuro presidente internacional do Rotary foi bastante produtiva. Vários assuntos foram abordados, sob a intermediação do jornalista Márcio Medeiros, ex-governador do Rotary. No final vários dos participantes manifestaram a satisfação de poder conversar olhando no olho e, ao vivo, com o homem que será, a partir de julho do ano que vem, o principal dirigente do Rotary.

 Mário César é membro do Rotary Clube de Santo André. Ele estudou nos Estados Unidos e na Alemanha. É formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo e em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Participou, quando jovem, do programa de Intercâmbio de Jovens em Minnesota, nos Estados Unidos, o que fez inspirar seu interesse pelo Rotary e se tornar depois, por 24 anos, como dirigente do programa.

 “Foi ótimo para nós termos esse contato direto com o futuro presidente internacional do Rotary”, afirmou celso Myamoto, do Distrito 4630. “Quem não se envolve, não se desenvolve”, enfatizou Márcio Medeiros ao finalizar a reunião entre os rotarianos com o futuro presidente internacional.

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Reunião online realizada quarta-feira (21) entre Mário César com mais de 150 associados de diversos clubes de Rotary de várias cidades, principalmente do interior paulista

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