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Para fazer o serviço de delivery de barco, morador da região atravessará o oceano Atlântico

 

Um barco Lagoon 46, produzido na França, avaliado em R$ 8 milhões será transportado como serviço de delivery por um morador da região de Rio Preto

Por Nelson Gonçalves

A palavra delivery é de origem inglesa, que significa em português serviço de entrega. É um substantivo que deriva do verbo deliver, que já faz parte da maioria dos dicionários da língua portuguesa. O termo se tornou comum no Brasil pelo uso no setor de alimentação. Mas o que poucas pessoas sabem é que existe também o delivery para a entrega de barcos novos ou usados adquiridos na Europa e outros continentes.

 Um morador do famoso bairro da Matinha, localizado na divisa entre os municípios de Bady Bassitt e São José do Rio Preto, atravessará o Oceano Atlântico, junto com mais três tripulantes, para trazer para o Brasil um catamarã. Luís Cláudio Macierinha é analista de sistemas, produtor agropecuário e empresário no setor imobiliário. Presidiu o Rotary Clube de Bady Bassitt por dois mandatos (2004-225 e 2006-2007) é foi pioneiro responsável pelo processo de informatização de diversos clubes recreativos da região. Ele será um dos tripulantes para esse serviço de entrega de barco.

 O catamarã é, em linguajar simples, é uma espécie de jangada a vela, construída por duas pranchas. Ligadas entre si por peças transversais, formando estrutura sobre a qual se monta toda a estrutura do barco. Em comparação com as lanchas, o catamarã tem como destaque a segurança e estabilidade para viagens em altos mar. Tem origens milenar, sendo utilizado no Ceilão, hoje Sri Lanka. É  presença constante nas praias do Nordeste brasileiro.

Porém o catamarã que Macierinha irá trazer da Europa é um barco, na verdade um iate de luxo, avaliado em mais de R$ 8 milhões. Será um delivery do barco Lagoon 46, produzido na França para um proprietário brasileiro. Junto com ele estará Matea Hackenberg, uma croata especialista em navegação, o neozelandês Mike Docherty, velejador profissional, e no comando, como capitão do barco, o jornalista, publicitário, escritor e velejador profissional Murilo Novaes. Este último, filho e neto de velejadores, é um dos principais comentaristas brasileiros do esporte de vela, sendo presença constante em programas da televisão brasileira.

Será a primeira vez que Macierinha irá atravessar, navegando com um barco a vela, o oceano Atlântico. Mas pode-se dizer que é bem experiente em velejar. Desde 1997 ele veleja e já percorreu, por várias vezes, mais de 1.000 quilômetros pela hidrovia Tietê-Paraná, fazendo o trajeto de Barra Bonita até Foz do Iguaçu, na divisa com o Paraguai. E também faz travessias, por mar, principalmente na região da costa entre Guarujá até Angra dos Reis.

 Dificuldades nos oceanos

Demorou mais de 15 séculos para os homens desbravarem o Oceânico Atlântico, conhecido como “Mar Tenebroso”, pois havia a ideia difundida pela Igreja Católica de que os oceanos eram habitados por monstros marinhos e redemoinhos. Além disso acreditavam que a Terra era plana. Os barcos não eram grandes e robustos o suficiente e os romanos não tinham experiência de longas viagens. Como não havia refrigeração, ficava difícil para sobreviverem em alto mar sem alimentos congelados.

O Atlântico é o maior oceano do mundo. Cobre cerca de 20% da superfície terrestre e tem, em média, 8 mil metros de profundidade. Os oceanos foram temas de muitas lendas marítimas e até hoje faz parte do imaginário popular de que navegar é uma atividade perigosa.

 Divisor de águas

Luís Macierinha e a esposa Estela Carareto Macierinha são precursores do esporte das velas na região

Macierinha afirma não conhecer nenhuma pessoa que tenha velejado e não tenha gostado. Depois de viajar por um veleiro não há quem não se apaixona por esse esporte. “A vela para mim foi um divisor de água na minha vida”, revela. “Desde quando a conheci me apaixonei por esse esporte”.

A vela é um esporte olímpico desde 1900. É uma das modalidades que mais rendeu medalhas olímpicas ao Brasil. Os brasileiros Torben Grael e Robert Scheidt conseguiram, cada um, cinco medalhas olímpicas. Dois times de futebol, do Rio de Janeiro, com uma das maiores torcidas no Brasil, o Flamengo e Fluminense, surgiram na década de 1920 como clubes de remo de regata.

O primeiro barco, amor à primeira vista

Macierinha, que hoje é vegetariano, conta que foi num churrasco em sua casa que lhe surgiu a oportunidade para comprar o seu primeiro barco. “Estava fazendo um churrasco em casa, na época em que eu ainda comia carne, quando entre um pedaço de carne e outro surgiu a conversa sobre veleiros com uma amiga, cujo marido era dono de um barco que ele mesmo construiu”, lembra.

Macierinha demonstrou interesse pelo barco, mas jamais imaginou que pudesse comprar, pensando que custaria muito mais de suas possibilidades. O dono do barco ligou dias depois dizendo que o trocaria pelo valor equivalente a uma camionete velha, tipo Toyota Bandeirantes. Proposta feita e negócio concretizado, Macierinha foi buscar o barco ainda desmontado num sitio em Ipiguá para leva-lo para o Clube Jacarandá, a beira da represa de Promissão em Adolfo.

Daí em diante Macierinha não parou mais. Junto com a esposa Estela, ajudou a transformar a pequena cidade de Adolfo conhecida como “a capital dos velejadores do interior paulista”. Ele montou um grupo com cerca de 20 velejadores que a cada dois anos realiza a descida do rio Tietê até alcançar as águas do rio Paraná, no sul do Brasil.

Com relação ao serviço de delivery, Macierinha conta que esse é um serviço muito comum em países europeus e asiáticos. “Tem muito milionários que gostam de velejar e passear de barco, mas não tem tempo, competência, paciência e nem disposição para ficarem trinta ou mais dias no mar para fazer o transporte do barco”, explica. “Quase 90% dos barcos comprados por esses milionários na França, Inglaterra, Alemanha e Holanda são trazidos ao Brasil dessa forma. Contratam navegadores experientes para trazerem esses barcos”.

“O barco tem que chegar no Brasil intacto”, enfatiza Macierinha. “Nós tripulantes não iremos tocar em nenhum dos talheres, pratos ou roupas de cama e banho que acompanham o catamarã e permanecerão todos embalados como vem de fábrica. Levaremos nossos próprios talheres e roupas de cama”.

 Viagem de quase 40 dias no mar

O experiente jornalista Murilo Novaes atuará como líder da tripulação nesse serviço de delivery

A viagem que Macierinha e os outros três tripulantes farão para trazer o catamarã Lagoon 46 tem previsão de durar 37 dias, dos quais pelo menos 25 em alto mar. O barco sairá de Les Sables D’Ologne, na França, no dia 6 de novembro. Fará escalas em Vigo (Espanha), Funchal (Portugal), nas ilhas de La Palma (Espanha) e Mindelo (Cabo Verde) até chegar, no dia 13 de dezembro, em Salvador, solo brasileiro no Estado da Bahia.

 O barco é super equipado, com ar condicionado em todos os ambientes,  geladeira, freezer,  wi fi, tudo que é tipo de eletrônicos e todo o conforto necessário para proporcionar uma estadia deliciosa como se estivesse dentro do conforto de sua própria casa.

 Macierinha explica que os quatro tripulantes trabalharão em forma de rodízio escalonado. “O barco, principalmente à noite, velejará com velocidade reduzida e nunca estará sem ninguém no comando do leme”, adianta. “Enquanto três dormem, um de nós estará tomando conta do leme”.

 Ao regressar para o Brasil, Macierinha juntamente com a flotilha de velejadores do Jacarandá, pretende implantar, na região de Adolfo, uma escola de navegação para veleiros que  dará treinamento embarcado. Aulas práticas para navegação, manobras, planejamento de viagens, uso de instrumentos eletrônicos multifuncionais, como tablets e radares, bem como noções de alimentação e dicas importantes para que os alunos possam saber como se comportar a bordo de um veleiro.

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O catamarã Legoon 46 tem todo o conforto de um apartamento de luxo (Foto Nicolas Cards/Reprodução do site da empresa)

Propulsado por motores e por velas, o veleiro viajará cerca de 8 mil quilômetros pelo mar (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa) 

Dividido em dois andares o Lagoon 46 possui quatro cabines dormitórios e pode acomodar tranquilamente com muito conforto até 12 pessoas

Esse barco é o que existe de melhor em termos de conforto e segurança dentro do mar (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa)

Muito requinte e bom gosto para quem gosta de desfrutar os prazeres da vida (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa)

Dentro do barco são vários ambientes para lazer e descanso (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa)

Os quartos são super confortáveis e todos possuem visão privilegiada das águas do mar (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa)

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