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Um barco Lagoon 46, produzido na França, avaliado em R$ 8 milhões será transportado como serviço de delivery por um morador da região de Rio Preto |
Por Nelson Gonçalves
A palavra delivery é de origem inglesa, que significa em
português serviço de entrega. É um substantivo que deriva do verbo deliver, que
já faz parte da maioria dos dicionários da língua portuguesa. O termo se tornou
comum no Brasil pelo uso no setor de alimentação. Mas o que poucas pessoas
sabem é que existe também o delivery para a entrega de barcos novos ou usados
adquiridos na Europa e outros continentes.
Porém o catamarã que Macierinha irá trazer da Europa é um
barco, na verdade um iate de luxo, avaliado em mais de R$ 8 milhões. Será um
delivery do barco Lagoon 46, produzido na França para um proprietário
brasileiro. Junto com ele estará Matea Hackenberg, uma croata especialista em
navegação, o neozelandês Mike Docherty, velejador profissional, e no comando,
como capitão do barco, o jornalista, publicitário, escritor e velejador
profissional Murilo Novaes. Este último, filho e neto de velejadores, é um dos
principais comentaristas brasileiros do esporte de vela, sendo presença
constante em programas da televisão brasileira.
Será a primeira vez que Macierinha irá atravessar, navegando
com um barco a vela, o oceano Atlântico. Mas pode-se dizer que é bem experiente
em velejar. Desde 1997 ele veleja e já percorreu, por várias vezes, mais de
1.000 quilômetros pela hidrovia Tietê-Paraná, fazendo o trajeto de Barra Bonita
até Foz do Iguaçu, na divisa com o Paraguai. E também faz travessias, por mar,
principalmente na região da costa entre Guarujá até Angra dos Reis.
Demorou mais de 15 séculos para os homens desbravarem o
Oceânico Atlântico, conhecido como “Mar Tenebroso”, pois havia a ideia
difundida pela Igreja Católica de que os oceanos eram habitados por monstros
marinhos e redemoinhos. Além disso acreditavam que a Terra era plana. Os barcos
não eram grandes e robustos o suficiente e os romanos não tinham experiência de
longas viagens. Como não havia refrigeração, ficava difícil para sobreviverem
em alto mar sem alimentos congelados.
O Atlântico é o maior oceano do mundo. Cobre cerca de 20% da
superfície terrestre e tem, em média, 8 mil metros de profundidade. Os oceanos
foram temas de muitas lendas marítimas e até hoje faz parte do imaginário
popular de que navegar é uma atividade perigosa.
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Luís Macierinha e a esposa Estela Carareto Macierinha são precursores do esporte das velas na região |
Macierinha afirma não conhecer nenhuma pessoa que tenha velejado e não tenha gostado. Depois de viajar por um veleiro não há quem não se apaixona por esse esporte. “A vela para mim foi um divisor de água na minha vida”, revela. “Desde quando a conheci me apaixonei por esse esporte”.
A vela é um esporte olímpico desde 1900. É uma das modalidades que mais rendeu medalhas olímpicas ao Brasil. Os brasileiros Torben Grael e Robert Scheidt conseguiram, cada um, cinco medalhas olímpicas. Dois times de futebol, do Rio de Janeiro, com uma das maiores torcidas no Brasil, o Flamengo e Fluminense, surgiram na década de 1920 como clubes de remo de regata.
O primeiro barco, amor à primeira vista
Macierinha, que hoje é vegetariano, conta que foi num
churrasco em sua casa que lhe surgiu a oportunidade para comprar o seu primeiro
barco. “Estava fazendo um churrasco em casa, na época em que eu ainda comia
carne, quando entre um pedaço de carne e outro surgiu a conversa sobre veleiros
com uma amiga, cujo marido era dono de um barco que ele mesmo construiu”,
lembra.
Macierinha demonstrou interesse pelo barco, mas jamais
imaginou que pudesse comprar, pensando que custaria muito mais de suas
possibilidades. O dono do barco ligou dias depois dizendo que o trocaria pelo
valor equivalente a uma camionete velha, tipo Toyota Bandeirantes. Proposta
feita e negócio concretizado, Macierinha foi buscar o barco ainda desmontado
num sitio em Ipiguá para leva-lo para o Clube Jacarandá, a beira da represa de
Promissão em Adolfo.
Daí em diante Macierinha não parou mais. Junto com a esposa
Estela, ajudou a transformar a pequena cidade de Adolfo conhecida como “a
capital dos velejadores do interior paulista”. Ele montou um grupo com cerca de
20 velejadores que a cada dois anos realiza a descida do rio Tietê até alcançar
as águas do rio Paraná, no sul do Brasil.
Com relação ao serviço de delivery, Macierinha conta que
esse é um serviço muito comum em países europeus e asiáticos. “Tem muito
milionários que gostam de velejar e passear de barco, mas não tem tempo, competência, paciência e nem disposição para ficarem trinta ou mais dias no mar para fazer o
transporte do barco”, explica. “Quase 90% dos barcos comprados por esses
milionários na França, Inglaterra, Alemanha e Holanda são trazidos ao Brasil
dessa forma. Contratam navegadores experientes para trazerem esses barcos”.
“O barco tem que chegar no Brasil intacto”, enfatiza
Macierinha. “Nós tripulantes não iremos tocar em nenhum dos talheres, pratos ou
roupas de cama e banho que acompanham o catamarã e permanecerão todos embalados
como vem de fábrica. Levaremos nossos próprios talheres e roupas de cama”.
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O experiente jornalista Murilo Novaes atuará como líder da tripulação nesse serviço de delivery |
A viagem que Macierinha e os outros três tripulantes farão
para trazer o catamarã Lagoon 46 tem previsão de durar 37 dias, dos quais pelo
menos 25 em alto mar. O barco sairá de Les Sables D’Ologne, na França, no dia 6
de novembro. Fará escalas em Vigo (Espanha), Funchal (Portugal), nas ilhas de
La Palma (Espanha) e Mindelo (Cabo Verde) até chegar, no dia 13 de dezembro, em
Salvador, solo brasileiro no Estado da Bahia.
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O catamarã Legoon 46 tem todo o conforto de um apartamento de luxo (Foto Nicolas Cards/Reprodução do site da empresa) |
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Propulsado por motores e por velas, o veleiro viajará cerca de 8 mil quilômetros pelo mar (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa) |
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Dividido em dois andares o Lagoon 46 possui quatro cabines dormitórios e pode acomodar tranquilamente com muito conforto até 12 pessoas |
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Esse barco é o que existe de melhor em termos de conforto e segurança dentro do mar (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa) |
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Muito requinte e bom gosto para quem gosta de desfrutar os prazeres da vida (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa) |
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Dentro do barco são vários ambientes para lazer e descanso (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa) |
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Os quartos são super confortáveis e todos possuem visão privilegiada das águas do mar (Foto Nicolas Claris/Reprodução do site da empresa) |