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Estudo realizado pela USP constata que 92% das pessoas voltam a ganhar peso após a cirurgia bariátrica

 

Dr. Paulo Leandro Alves Bernardo, cirurgião do aparelho digestivo do Austa Hospital, de Rio Preto

Estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), divulgado no início deste mês, constatou que 92% das pessoas voltam a ganhar peso após a cirurgia bariátrica. A pesquisa mostrou que, em média, elas recuperam ao pelo menos 20% do peso perdido, após dois anos do procedimento cirúrgico. A pesquisa foi realizada de forma on-line, entre 2020 e 2022, com 121 pacientes entre 18 e 65 anos. O estudo reforça a importância do Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, nesta quarta-feira (11/10), quando médicos e instituições de saúde ressaltam, mais uma vez, para a população a importância de se considerar a obesidade como uma doença para que seja tratada como tal. 

“Importante destacar que o efeito sanfona, como chamamos o ciclo de perda e ganho de peso, afeta milhões de pessoas em todo o mundo, não só pacientes da bariátrica. Por isso, é fundamental que o paciente conte com a orientação e apoio de médico, psicólogo, nutricionista, enfim, uma equipe multiprofissional e o suporte da família e amigos”, declara Dr. Paulo Leandro Alves Bernardo, cirurgião do aparelho digestivo do Austa Hospital, de Rio Preto.

A pesquisa da USP, segundo Dr. Paulo Bernardo, reforça o quanto é importante a avaliação criteriosa do paciente que deseja fazer cirurgia bariátrica pela equipe multidisciplinar e o seu acompanhamento após o procedimento. “Infelizmente, a obesidade só avança e, com ela, o número de pessoas que decidem fazer a cirurgia bariátrica. Neste momento, é enorme a responsabilidade do médico e equipe multiprofissional”, afirma o cirurgião do Austa Hospital.

Em apenas um ano, o número de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil aumentou 10,3%. Em 2021, foram 52.715 procedimentos, que saltaram para 63.016, no passado, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). “A decisão de quem pode fazer cirurgia bariátrica é tomada com base em critérios que vão além da obesidade severa. São avaliadas outras complicações de saúde e certas características do paciente”, ressalta Dr. Paulo Bernardo. 

Ele faz questão de ressaltar que a cirurgia bariátrica é preconizada somente para adultos. 

O Atlas Mundial da Obesidade 2023, divulgado pela Federação Mundial de Obesidade, aponta crescimento exponencial da obesidade no planeta. Somente entre os brasileiros, 41% da população adulta conviverá com a condição em 2035. Para os adultos, o crescimento será de 2,8% por ano, enquanto nas crianças, fator mais preocupante, o crescimento anual será de 4,4%. Os casos de obesidade na população adulta têm projeção maior entre as mulheres com relação aos homens.

Entre os jovens, a obesidade também avança. Pesquisa ouviu 9.000 jovens, de todas as regiões do Brasil, entre janeiro e abril deste ano, e constatou que 17% tinham índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 30 kg/cm², o que configura obesidade. Em 2022, este era de 9%, ou seja, em apenas um ano subiu 8 pontos percentuais, constatou o Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia). 

Dr. Paulo Bernardo ressalta: “A obesidade é uma doença crônica que tende a piorar com o passar dos anos, caso o paciente não seja submetido a um tratamento adequado e contínuo. Além de reduzir a qualidade de vida, pode predispor a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, asma, gordura no fígado e até alguns tipos de câncer.”

O cirurgião do Austa Hospital explica que, a má alimentação, falta de exercícios físicos e a obesidade afetam todo o organismo, reduzindo a capacidade de secreção da insulina e aumentando os níveis de glicose no sangue. Com isso, além de armazenar ainda mais gordura, a pessoa pode desenvolver o diabetes tipo 2”, alerta o médico.

Já o consumo de alimentos com gordura saturada e sal em excesso pode causar hipertensão, ou seja, o aumento da pressão nos vasos sanguíneos. Esta condição impõe à pessoa risco de ter problemas cardíacos, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).

“A obesidade é uma doença que pode ser evitada e controlada com hábitos saudáveis. É essencial optar por alimentos ricos em fibras, com baixo índice de açúcar e gordura e regular o consumo de carboidratos. Além disso, atividades como musculação, corrida, esportes e, até mesmo, caminhadas diárias fazem a diferença no bem-estar”, afirma o cirurgião do Austa Hospital. 

O médico enfatiza a relevância do papel do paciente para enfrentar este problema de saúde. "Ter a orientação e acolhimento da equipe multiprofissional é essencial, no entanto, o paciente tem que estar apto a se empenhar ao máximo para que o tratamento surta efeito. A passividade não ajuda no tratamento”, afirma o cirurgião do Austa Hospital.

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