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Morre ex-governador Fleury e autoridades lamentam

O ex-governador Fleury faleceu aos 73 anos em São Paulo

 

O ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho, de 73 anos, faleceu nesta terça-feira (15) em São Paulo. A morte de Fleury, que governou São Paulo entre 1991 e 1994, foi confirmado pelo presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, partido pelo qual governou o Estado e estava ultimamente filiado.

Quando Fleury tinha três anos de idade, o pai dele, Luiz Antônio Fleury, foi eleito prefeito da cidade de Nova Aliança, onde a família morou e possuía a fazenda Cruzeiro. O ex-vereador e juiz de paz José Benjamim, 87 anos, conta ter convivido, quando adolescente, com o ex-governador e sua família. “Minha família tinha sorveteria e lembro que ele vinha a cavalo da fazenda para Nova Aliança”, lembra. “Nossas famílias eram amigas. A mãe dele era professora e eles também tinham casa aqui na cidade, a uma quadra da prefeitura”.

Fleury, na verdade, só foi registrado em São José do Rio Preto, mas passou toda sua infância na Fazenda Cruzeiro, que era do seu pai, e na Fazenda São Luiz, do seu avô materno. O ex-prefeito de Nova Aliança, José Augusto Fernandes, que administrou a cidade no mesmo período que Fleury foi governador destaca que ele esteve visitando, quando governava São Paulo, a cidade por três vezes e que muito ajudou o município.

Aos 14 anos de idade, a família mudou-se para Porto Feliz, na região de Sorocaba. Lá ele ingressou na Polícia Militar e chegou ao posto de tenente. Formou-se em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em 1972, passando a atuar como professor universitário de Direito Penal na própria faculdade onde se formou. Em 1973 prestou concurso e passou a atuar como promotor público, tornando-se uma das suas principais lideranças ainda muito jovem. Chegou a ser presidente do Conselho Nacional do Ministério Público e por três mandatos sucessivos da Associação Paulista do Ministério Público (APMP).

Em 1987 passou a ocupar o cargo de secretário de Segurança Pública no governo de Orestes Quércia. No final do governo de Quércia, o vice-governador Almino Afonso se preparava para ser o candidato a governador pelo MDB quando foi preterido. Foi surpreendido pelo lançamento e apoio de Quércia à candidatura de Fleury, que até então nunca tinha disputado nenhum cargo público.

Fleury assumiu o governo em 1991 e ano seguinte enfrentou uma das maiores rebeliões de todos os tempos no complexo penitenciário Carandiru, em São Paulo. Foi dele, quando governador, a ordem para a invasão do presidiu do Carandiru em 1992, que resultou na morte de 111 presos no conhecido Massacre do Carandiru.

Durante seu governo, conviveu com três moedas diferentes, dois presidentes da República, oito ministros da Fazenda, diversos planos econômicos e até o impeachment do presidente Fernando Collor. Ele buscou melhorias para o transporte ferroviário metropolitano e conseguiu junto ao presidente Itamar Franco que a administração da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos) saísse das mãos do governo federal e passasse para o comando do governo do Estado. Ele criou a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) com a colaboração do seu vice-governador, outrora designado para ser o secretário da recém criada pasta dos Transportes Metropolitano, Aloysio Nunes Ferreira Filho. Uma de suas últimas obras entregues foi a rodovia Carvalho Pinto.

No final de seu governo, Fleury deixou centenas de obras não concluídas e uma dívida de R$ 19,7 milhões de dólares aos cofres públicos do Estado, sendo 8 milhões apenas do Banespa. Essa dívida era superior ao PIB (Produto Interno Bruto) do Uruguai, Bolívia e Paraguai. No último dia do seu governo o banco sofreu intervenção federal.

Após o término do seu governo Fleury teve desentendimentos com Orestes Quércia, seu padrinho político, e deixou o MDB para se filiar ao PTB, partido pelo qual foi eleito duas vezes como deputado federal. Não conseguiu se reeleger em 2006 e desde então não se candidatou mais a nenhum cargo público.

 Condolências

 Diversas autoridades lamentaram a morte do ex-governador Fleury. O governador em exercício, Carlão Pignatari (PSDB), lamentou a morte do ex-governador e decretou lutou de três dias. O governador Rodrigo Garcia (PSDB), que cumpre agenda em Nova Iorque, nos Estados Unidos, escreveu nas redes sociais dando destaque ao fato de os dois serem da região de São José do Rio Preto. “Da região de Rio Preto, assim como eu, sempre valorizou a força do interior”, escreveu Rodrigo.

O ex-governador de São Paulo João Dória lamentou a morte e escreveu que sempre teve “uma relação respeitosa e republicana” com Fleury. Ciro Gomes, governador do Ceará na mesma época em que Fleury comandava São Paulo, lembrou de uma cooperação entre os dois Estados. “No episódio do sequestro de Dom Aloisio Lorsecheider, Fleury no ajudou enviando uma equipe da Polícia de São Paulo especializada na libertação de reféns”, lembrou Ciro.

Edinho Araújo, prefeito de São José do Rio Preto, cidade onde nasceu o ex-governador, decretou luto oficial de três dias. “Fui deputado estadual quando ele era governador e vi seu trabalho e dedicação à região de Rio Preto, sua terra natal, como a luta para a estadualização da Famerp (Faculdade de Medicina de Rio Preto)”, destacou Edinho.

O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, destacou realizações de infraestrutura na região do ex-governador. “Fleury teve um mandato marcado pela consolidação de obras importantes que ajudaram a desenvolver ainda mais o nosso Estado”.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicano), também se manifestou pelas redes sociais. “Recebi há pouco a triste notícia do falecimento do ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho. Minhas sinceras condolências à família e aos amigos de Fleury, e que Deus o acolha em sua infinita bondade”, escreveu Tarcísio.

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Em 1992 os carros da ROTA entram dentro da Penitenciária do Complexo Carandiru ( foto  de Wilson Pedrosa, reprodução da Agência Estado)

Fleury (de gravata vermelha) ao lado do também ex-governador Claudio Lembo (a esquerda)

Fleury durante discurso na Assembléia Legislativa de São Paulo (Arquivo Alesp)

Fleury quando ocupava o cargo de governador de São Paulo (Arquivo Alesp)

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