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Ex-prefeito de Potirendaba tem contas reprovadas pelo Tribunal de Contas

 

Ex-prefeito Flávio Alves tem contas de 2020 reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado, que apontou uma série de irregularidades

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) confirmou, no último dia 9, a reprovação das contas de 2020 do ex-prefeito de Potirendaba, Flávio Daniel Alves (PSD). O relator Sidney Estanislau Beraldo descreveu uma série de irregularidades cometidas pelo ex-prefeito no decorrer do último ano de seu mandato.

A decisão, que foi unânime na Primeira Câmara do Tribunal, acompanhou manifestação do Ministério Público de Contas (MPC) que emitiu parecer desfavorável à aprovação das contas. Entre os principais apontamentos estão a execução orçamentária e o resultado financeiro do período que apresentaram déficit, respectivamente, de R$ 10,2 milhões e de R$ 8,1 milhões, além de não pagar precatórios obedecendo a ordem cronológica.

O ex-prefeito foi devidamente notificado para se manifestar sobre o fato e não tomou medidas para sanar as irregularidades apontadas no relatório do Controle Interno. A Lei Orçamentária Anual (LOA) previa abertura de créditos adicionais por decreto em percentual acima da inflação de até 15%, mas foi aumentado para 20% no decorrer do exercício. Segundo analise do TCE, o município não possuía, durante a gestão do ex-prefeito,  estrutura administrativa voltada para o planejamento. “O prefeito não determinou providências para sanar as irregularidades apontadas no relatório de controle interno”, escreveu Beraldo.

Gastos exagerados

O déficit da execução orçamentária fez surgir um déficit financeiro, comentou o relator. “As alterações orçamentárias correspondem a 72,25% da despesa fixada, indicando falhas de planejamento e as suplementações, na ordem de 39,68%, superaram o limite autorizado da LOA de 20%”.

Outro ponto apontado no relatório foi que as despesas para enfrentamento à pandemia da covid-19 não foram informadas em tempo real, tampouco detalhadas e foram constatadas inconsistência nos valores contratados por dispensa de licitação, o que pode supor superfaturamento de preços. Além disso, ocorreu, durante o último ano da gestão de Flávio Alves, excessivo aumento da dívida a curto prazo como da dívida a longo prazo. “A prefeitura não possui liquidez em face dos compromissos de curto prazo”, destacou, no relatório.

Ainda segundo o TCE, o ex-prefeito Flávio Alves deixou de repassar a contribuição patronal, descontada na folha de pagamento dos servidores, e o aporte referente aos meses de novembro, dezembro e 13º salário à Previdência Social. Esses débitos tiveram de ser parcelados em 2021 pela nova administração. “A situação financeira piorou entre o início e termino dos oitos meses finais do mandato, ocasionando insuficiência de caixa para as despesas assumidas, não atendendo aos dispostos contidos na Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz o relatório, acrescentando que os aumentos dos gastos foram significativamente muito superiores aos dos municípios da região.

Risco aos alunos

O relatório do TCE informa ainda que a maioria dos estabelecimentos de ensino da rede pública municipal sequer possuía o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, colocando em risco a vida dos alunos, funcionários e professores. Além disso constatou que todas as unidades de ensino necessitavam de reparos e constou a falta de controle no acondicionamento de alimentos para a merenda, como iluminarias e ralos sem estarem protegidos como determinam as regras de saneamento. Também apontou inconsistências nos valores contratados por dispensa de licitação.

Em sua defesa o ex-prefeito informou nos autos que o município efetuava o levantamento das demandas e que o resultado era transmitido ao planejamento orçamentário, que alocava recursos para a execução das ações e atendimento às necessidades. Alegou que as demandas eram levantadas em audiências públicas, reuniões setoriais e atendimento à população pelo seu gabinete. E defendeu que não havia qualquer legislação que desse respaldo à obrigatoriedade de alterações orçamentárias estarem limitadas aos percentuais da inflação do período.

Por fim, após ouvir as alegações do ex-prefeito, o Ministério Público de Contas (MPC) opinou pela emissão de parecer desfavorável às contas e, por unanimidade, os conselheiros da Primeira Câmara do Tribunal de Contas reprovaram as contas do ex-prefeito. Com isso ele perde seus direitos políticos e se torna inelegível por oito anos.

O ex-prefeito não foi localizado para comentar o assunto. Pelas redes sociais a reportagem constatou que ele agora produz pimenta, acondicionadas em potes de vidro. Ele informa no Facebook que não é para serem comercializadas, mas que são presentes para os amigos.

Vidro de pimenta, provavelmente produzido pelo ex-prefeito de Potirendaba, que ele oferece aos amigos pelo Facebook

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