O 17º Congresso
Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo), um dos mais importante da América Latina, será
realizado entre os dias 3 e 7 de agosto. Neste ano, o evento terá formato híbrido,
parte on-line e parte presencial. Nos dois primeiros dias serão realizados de
forma virtual e gratuito para aqueles profissionais e estudantes que fizeram
inscrição. E nos dias restantes, de 5 a 7 de agosto, a versão presencial e paga,
que terá lugar no auditório da Fundação Armando Alvares Penteado.
Realizado anualmente desde
2005, o Congresso da Abraji é o maior encontro de jornalistas do país. Sua programação
inclui painéis sobre técnicas de reportagem, novas inciativas jornalísticas e
temas relevantes para o jornalismo brasileiro e internacional. O evento também
divulgará pesquisas acadêmicas e oficinas de jornalismo de dados.
A edição de 2020,
realizada pela primeira vez de forma virtual devido à pandemia, o evento bateu
recorde de participantes: foram mais de 10 mil inscritos. O congresso contou
com 105 painelistas, 17 deles internacionais de países como Estados Unidos, Canadá,
Franca, Reino Unido, Colômbia, Venezuela e Bolívia.
O ano de 2022 tem se
mostrado violento para profissionais da comunicação. Diante das crescentes
ameaças a jornalistas e à liberdade de imprensa, a Abraji programou mesas de
discussões para tratar da proteção e segurança de jornalistas no Brasil e no
mundo. Um dos temas a ser abordado no primeiro dia do evento será “O assassinato
de Dom e Bruno e os desafios da cobertura na Amazônia”, que terá um painel com
especialistas no assunto, para falar sobre o caso emblemático de violência que
marcou o cenário brasileiro em 2022.
Carlos Bolsonaro foi o integrante que mais atacou, somando 351 publicações, respostas e compartilhamentos hostis – 86,9% das vezes incitando ódio e comentários negativos sobre a mídia e seus profissionais dentro da análise feita pela Abraji. Em seguida está Eduardo, com 340 ataques (66,6% de seus tweets para atacar a imprensa) e Flávio, com 76 (62,8%). Já o chefe do executivo aparece com 54,8% de suas postagens na rede social para atacar a imprensa e jornalistas de maneira geral.
Os membros do clã
Bolsonrop lideram como os principais autores de ataques, ao lado de aliados e apoiadores
do governo. Esses dados, segundo a Abraji, já demonstram um cenário preocupante
de incitação ao ódio e violência contra os profissionais da imprensa. O
principal dirigente do país e seus filhos instigam a hostilização, seus seguidores
a amplificarem as postagens, segundo a Abraji.
Em junho, o repórter Lucas
Neivas e a editora Vanessa Lippet, do seite Congresso em Foco, foram alvos de
ofensas e ameaças após publicação de matéria que revelava a mobilização de um
fórum anônimo para produzir conteúdo de desinformação em prol do presidente.
A análise dos tweets dos
Bolsonaro sobre a imprensa revelou uma rede de conexões entre contas que são
frequentemente respondidas por figuras conhecidas no cenário político nacional,
ocupantes de cargos públicos e eletivos, e influenciadores com milhares de
seguidores. Ainda segundo a análise, o clã dos Bolsonaros compartilha e
interagem suas postagens com o ex-secretário nacional de Incentivo e Fomento à
Cultura, André Porciuncula, com o comentarista político Rodrigo Constantino e o
pastor Marco Feliciano, que possuem milhares de seguidores na rede social.