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Dia da Mulher e as mulheres em destaque no Brasil e no mundo

 

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos EUA


O Dia Internacional da Mulher é uma data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970. Essa data simboliza a luta das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens.

Existem várias controvérsias sobre as origens do início da comemoração da data. “As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres” é um livro de Ana Isabel Álvarez Gonzalez, pela Editora Expressão Popular, que realizou intensa pesquisa sobre o assunto.

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova Iorque em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória de lutas femininas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas naquela época.

Greve liderada pelas mulheres

Mulheres em greve, reivindicam seus direitos nos Estados Unidos na década de 1910


O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos Estados Unidos, segundo publicação da revista Nova Escola, oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova Iorque e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o voto das mulheres em diversas nações.

 Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau 2º, as más condições de trabalho, a fome e a participação das mulheres russas na guerra. O protesto ficou conhecido como “Pão e Paz” e foi aí que a data consagrou-se de vez.

Nos anos da década de 1960, o movimento feminista ganhou corpo pelo mundo todo. Em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 a ONU instituía o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

 Mulheres na política do Brasil

Carlota Pereira de Queiroz primeira deputada federal eleita no Brasil


No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do Século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida para as mulheres.

A luta feminina ganhou força no Brasil com nas década de 1920 e 1930, quando as mulheres lutaram intensamente para a conquista do direito ao voto. Foi somente na Constituição de 1932, promulgada por Getúlio Vargas, que as mulheres ganharam o direito ao voto.

A partir da década de 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a Criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Embora as mulheres são maioria entre professores de todas as etapas de ensino, desde o infantil até ao universitário, elas, no entanto, são minoria nos espaços de poder do alto escalão das escolas e universidades.

 Clubes de serviços

 Nos dois principais clubes de serviços do mundo, Rotary e Lions, a presença das mulheres no seu quadro de associados sempre foi motivo de discussão e demorou quase 80 anos para que permitissem o ingresso das mulheres em suas fileiras.

Mulheres no Rotary

Yolanda Bassitt foi a primeira mulher a ingressar e presidir um clube do Rotary em São José do Rio Preto


Fundado nos Estados Unidos, em 1905, como uma organização exclusivamente masculina, o Rotary impediu por 84 anos seguidos o ingresso das mulheres. Em 1978, o Rotary Club de Duarte, cidade de 20 mil habitantes no estado da Califórnia, depois de admitir três mulheres foi suspenso pelo Rotary Internacional. O imbróglio foi parar na Justiça. Oito anos depois o Tribunal de Justiça da Califórnia reverte a decisão, garantindo a sobrevivência do clube. Um ano depois a Suprema Corte dos Estados Unidos decide que o Rotary não pode impedir a admissão de mulheres em seu quadro associativo.

Assim em 1987, Vivia Whitlok, do Rotary de Duarte, foi eleita a primeira mulher a ser presidente de um Rotary Clube. Em 1989 os estatutos foram mudados e o ingresso de mulheres no Rotary se fez de forma avassaladora. Em 2020, a quantidade de mulheres representava 23% do total de associados do Rotary.

Em São José do Rio Preto a empresária Yolanda Bassitt, que sempre esteve à frente de seu tempo, foi a primeira mulher a ingressar no Rotary e também a primeira mulher a presidir o clube mais antigo da cidade. Além do Rotary, Yolanda se destacou no comércio e na sociedade. Foi também a primeira mulher a presidir a Acirp (Associação Comercial e Industrial de Rio Preto) e o Harmonia Tênis Clube.

Outra mulher que se destacou no Rotary em São José do Rio Preto e região foi Sueli Kaiser. Ela foi por duas vezes governadora do Distrito 4480, que reúne 42 cidades, sendo a primeira mulher eleita para o cargo. Ela viajou o mundo pregando a equidade de gênero e o fim da violência contra a mulher.

A empresária Sueli Kaiser foi a primeira mulher eleita como governadora do Distrito 4480 e ocupou o cargo por duas vezes


 Presidente internacional

A canadense Jennifer Jones será a primeira mulher
a presidir o Rotary Internacional


 Em outubro de 2020, a canadense Jennifer Jones, tornou-se a primeira mulher indicada à presidência do Rotary Internacional. Sua eleição foi confirmada no ano passado e ela assume seu mandato a partir do dia 1º de julho deste ano. Este é um marco histórico, pois ela é a primeira mulher selecionada ao cargo nos 115 anos do Rotary.

Jennifer é fundadora da premiada empresa Media Street. Ela tem doutorado em Direito e já presidiu a junta diretiva da Universidade de Windsor e da Câmara Regional do Comércio de Windsor. Ela foi homenageada com o Medalhão da Paz da Associação Cristã de Moços (ACM) e com a Medalja Jubileu de Diamante da Rainha, sendo a primeira canadense a receber o Prêmio de Pacificadora do Ano da Universidade de Wayne, dos Estados Unidos.

Jennifer entrou para o Rotary em 1997 ocupando diversos cargos de direção. Ela e seu marido, Nick Krayacich, são membros das Sociedades Arch Klump, Paul Harris e Doadores Testamentários. Ela liderou campanha para arrecadação de recursos para o combate à poliomielite, entrando para a história com o levante arrecadado de 150 milhões de dólares para o combate da doença. Recentemente também liderou o telethon “Rotary Em Ação”, evento virtual assistido por mais de 65 mil pessoas que arrecadou fundos para o enfrentamento da covid-19.

 Mulheres no Lions

Cidinha Destito Pellizzon (à direita) e Gudrun Yngvadottir, respectivamente foram governadora do Distrito LC-6 e presidente internacional do Lions 


 Na primeira convenção, realizada em Dallas (Texas) no ano de 1917, para a fundação do Lions essa instituição já previa em seus estatutos o ingresso de mulheres como sócias. Desde os primeiros passos de Melvin Jones, em 1913, para a fundação do Lions, ele foi auxiliado por sua esposa Rose Amanda Freeman, que assim marcava a presença da mulher na instituição.

Porém na segunda convenção, realizada em 1918, em Saint Louis, Missouri, a resolução da convenção anterior, que aprovava o ingresso das mulheres, foi revogada. Assim o ingresso das mulheres como associadas no Lions também ficou vetado por 69 anos.

Somente em 1987 na convenção realizada em Taipe, na China, as mulheres voltaram a ter direito a ingressar como sócias no Lions. Vale lembrar, no entanto que, em 1925, a norte-americana Hellen Keller, recebeu o título de “sócia honorária” por seu intenso e destacado trabalho em prol dos deficientes visuais, que tornou uma das bandeiras da instituição.

Em 4 de julho de 1987, Maria Nydia Manzano de Freitas foi a primeira mulher a ingressar como sócia no Lions Clube da cidade de Assis, interior paulista. A primeira mulher que assumiu o posto de governadora no Lions foi Lousi Colombari, do Lions Clube Bastia Kalliste, da cidade de Bastia, na França. Ela foi governadora do Distrito 103-CC, no biênio 1991-1992.

No biênio 1995-1996 quatro mulheres assumiram, simultaneamente, como as primeiras governadoras de Distritos do Lions: Maria Seleneh Moreira Pires (Distrito L-2, em Salvador-BA); Tereza Costa e Silva (Distrito L-3, Rio de Janeiro); Maria Leticia Barros Gonçalves (Distrito L-5, Campinas-SP); e Wilma Barros Barreto (Distrito L-14, Aracajú-SE).

No Distrito LC-6 a primeira mulher eleita como governadora foi Ana Maria Bononi de Barros, de Matão, que governou no biênio 2008-2009. Em 2018-2019 outra mulher, Maria Aparecida Destito Pellizzon, de Orlândia, assumiu a direção do Distrito LC-6.

A irlandesa Gudrun Yngvadottir foi a primeira mulher a presidir, no biênio 2018-2019, o Lions Internacional. Cientista biomédica, ela trabalhou toda sua vida desenvolvendo pesquisas em educação e gestão. Foi vice-diretora da Universidade da Islândia e ocupou vários cargos dentro da instituição.

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Gudrun Yngvadottir foi a primeira mulher a presidir o Lions Internacional


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