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O período de afastamento das atividades sociais deixou a população mais sedentária e mais obsessa |
O número de adultos com obesidade aumentou durante a
pandemia no Brasil. É o que mostra o relatório “Doenças Crônicas e Seus Fatores
de Risco e Proteção”, publicado pelo Instituto de Estudos para Políticas de
Saúde. O índice de adultos obesos subiu de 20,3% em 2019 para 21,5% em 2020. A
médica endocrinologista Dra. Priscila Nascimbeni Matos explica como o
isolamento social contribuiu para esse aumento.
Segundo a Dra. Priscila, o período de afastamento das
atividades sociais deixou a população mais sedentária. “As pessoas deixaram de
ir para o trabalho para fazer home office e deixaram de ir às escolas para
assistir aulas online. O gasto calórico normal de energia diminuiu, pois
passaram a se locomover menos. Além disso, as academias ficaram fechadas por um
período”, explica.
Os hábitos alimentares também mudaram muito durante a
pandemia, principalmente no começo. “As pessoas estavam em casa e optavam por
alimentos práticos, como industrializados e fast-food. São alimentos mais
calóricos e com alto teor de gordura e açúcar. O padrão alimentar mudou muito,
até porque muitas pessoas estavam em casa angustiadas. O consumo de bebida
alcoólica também aumentou”, afirma.
A endocrinologista explica que a obesidade é dividida em
três graus. “A gente considera obesidade para aquela pessoa que tem índice de massa
corporal (IMC) maior ou igual a 30. O grau 1 é quando o IMC fica entre 30 a
34.9, grau 2 de obesidade é de 35 a 39.9 e o grau 3 é quando o índice é maior
que 40, considerada obesidade mórbida”, diz.
Riscos e tratamento
A Dra. Priscila explica que a obesidade está relacionada com
algumas doenças. “A pessoa obesa tem mais chance de ter hipertensão, diabetes
mellitus tipo 2, apneia do sono, doenças cardiovasculares, como infarto e AVC,
entre outras. Também existem vários tipos de câncer que estão associados à
obesidade”, explica.
O tratamento necessita de uma mudança de estilo de vida e,
em muitos casos, medicamentos. “Para cada situação e padrão, existe um tipo de
tratamento. É importante que os profissionais de saúde tratem a obesidade como
uma doença crônica e não simplesmente orientem o paciente a perder peso. Temos
que dar alternativas para ajudar esse paciente, pois o tratamento costuma ser
de longa data, não somente por um mês”, orienta.
Prevenção
Segundo a endocrinologista, a melhor forma de evitar um
adulto obeso é tratar a criança na infância. “A chance de uma criança obesa ser
um adulto obeso é muito maior, então temos que mudar o padrão da alimentação
nessa fase. As crianças imitam os pais, então se na casa não costuma ter
refrigerante, doces e alimentos ultraprocessados, a criança vai seguindo o
padrão alimentar”, avalia. É importante também incentivar a prática de
atividade física na infância.
Em relação à alimentação, a Dra. Priscila afirma que não
existem alimentos proibidos para prevenir a obesidade, o importante é manter
uma alimentação equilibrada. “Precisamos focar no consumo de comida e não de
alimentos ultraprocessados. Comer arroz, feijão, carne, grãos, legumes, frutas
e verduras. Temos que ter todos os grupos alimentares, evitando excesso de
bebida alcoólica, fast-food, doces e bebidas açucaradas”, diz.
A especialista explica que também existem casos de obesidade
genética, em que a pessoa tem maior propensão a ser obesa devido aos genes
herdados dos pais. Porém, os fatores ambientais e comportamentais influenciam
mais. “Se a pessoa mudar a interação com o meio ambiente, ter uma alimentação
saudável e fazer atividade física, não vai ser obesa, mesmo tendo pais obesos”,
finaliza.
Quem é Dra. Priscila Nascimbeni Matos?
Formada em Medicina pela Universidade de Vassouras (FUSVE),
com especialização em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina de São José do
Rio Preto (FAMERP) e especialização em Endocrinologia e Metabologia, também
pela FAMERP. Possui título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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O "Fica em Casa" fez muitas pessoas comerem mais e, consequentemente, engordar |