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Descoberta da vacina contra a febre amarela foi financiada por Rockefeller

John Rockefeller, o homem mais rico do mundo que usou parte de sua fortuna para financiar pesquisas e descobertas de vacinas

 

Foi com o dinheiro da fundação criada por John Rockefeller, conhecido como homem mais rico de todos os tempos, que se montou, na década de 1940, o laboratório para fabricar a vacina contra a febre amarela, no campus da Fiocruz, edificação que hoje leva seu nome no Rio de Janeiro.

A febre amarela, doença que se tornara constante na sede da Corte brasileira desde o primeiro surto em 1849, quando morreram cerca de 5 mil pessoas, infeccionou cerca de 200 mil pessoas e matava 30 mil por ano nas regiões tropicais da América do Sul e da África, mas não da Ásia. Febre, calafrios, perda de apetite, náuseas, dores de cabeça e dores musculares, principalmente nas costas eram os principais sintomas.

Do primeiro surto, em 1849, à conclusão do desenvolvimento de uma vacina contra a febre amarela foram mais de 80 anos. Inúmeros estudos e tentativas foram feitas. Algumas delas pelo médico brasileiro Domingos José Freire (1843-1899) que era professor da Faculdade de Medicina do Rio Janeiro e na manhã do dia 14 de abril de 1883 deu um passo radical em seu propósito de criar uma vacina contra a febre amarela. 

Sangue do cadáver

Domingos Freire desenvolveu as primeiras vacinas contra a febre amarela

Carlos Finlay, médico cubano, que descobriu ser o mosquito o transmissor




Inspirado no químico francês Louis Pasteur (1822-1895), que já havia criado algumas vacinas, Freire e três estudantes de Medicina entraram em um necrotério de Niterói, abriram o cadáver de um marinheiro morto em consequência da febre amarela havia menos de uma hora.

Freire e os estudantes retiraram sangue do marinheiro morto. Depois injetaram o sangue do cadáver em um coelho, que teve convulsões e morreu em 15 minutos. Tiraram sangue do coelho, no qual identificaram uma bactéria, e o injetaram em um porquinho, que também morreu, indicando a possibilidade de transmissão do agente causador da febre amarela.

Assim Freire criou uma das primeiras vacinas contra a febre amarela. Calcula-se que entre 1883 a 1889 a vacina foi injetada em cerca de 13 mil pessoas. Ele publicou um livro com 451 páginas falando sobre sua descoberta e escrevia constantes artigos nos jornais da época. Suas ações lhe davam visibilidade e prestígio, a ponto de ser convidado para falar sobre seu trabalho em Paris e Whashington. Porém alguns médicos e cronistas contestavam ou ridicularizavam seu trabalho.

Mosquito, o transmissor

Em 1881, o médico cubano Carlos Finlay (1833-1915) apresentou em um congresso cientifico em Whashington a ideia de que o agente causador da febre amarela seria transmitido por meio do mosquito Stegomyia Fasciata, depois renomeado como Aedes Agypti.

O médico Emílio Ribas (1862-1925), diretor do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, reforçou a ideia de transmissão de Finlay ao se deixar picar por insetos infectados e adquirir uma forma branda da doença. Logo em seguida o médico Oswaldo Cruz liderou campanhas de erradicação do mosquito transmissor.

Quando a Fundação Rockefeller chegou ao Brasil em 1916, o médico brasileiro Henrique de Azevedo Penna colaborou para as pesquisas que conduziram ao descobrimento do ciclo para o desenvolvimento da vacina, reconhecida internacionalmente. Seus estudos nos macacos foram relevantes.

Foi somente em 1936 que o médico sul-africano Max Theiler (1899-1972) concluiu o desenvolvimento da vacina contra a febre amarela, nos laboratórios da Fundação Rockefeller, em Nova York, nos Estados Unidos, com uma versão já atenuada do vírus já reconhecido como agente causador da doença.

A Fundação Rockefeller financiou os primeiros testes de campo, realizados no Brasil e, diante dos resultados positivos, apoiou a produção da vacina em larga escala. O médico brasileiro José Fonseca da Cunha (1931-1999), um dos que fez parte das equipes da fundação logo no início dos trabalhos no Brasil, conta que havia grande receio de que o mosquito transmissor da febre amarela entrasse no vale do Amazonas e subisse pelo México até os Estados Unidos. O mosquito transmissor tem capacidade muito grande de proliferação e causa um tipo de febre que provoca altos índices de mortalidade.

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Prédio do laboratório na Fiocruz que leva o nome de Rockefeller

Rockefeller: 
Quanto mais ele ganhava, mais ele fazia doações

John Rockefeller (1839-1937) foi um magnata norte-americano que deu início a uma célebre e poderosa dinastia de magnatas. Segundo está escrito em uma de suas biografias, o sonho dele quando criança era ganhar cem mil dólares e viver cem anos. Em termos de dólares ganhou muito mais do que isso. E quase chegou aos 100 anos de vida. Morreu aos 98 anos.

O pai dele, Bill Rockefeller era um vigarista que viajava pelo país vendendo às pessoas poções inúteis que ele dizia servir para fins medicinais. Com isso se tornou um dos primeiros bilionários dos Estados Unidos.

O brilho de John ele conseguiu por conta própria. Aos 20 anos de idade já havia fundado a sua primeira empresa. Quando completou 24 anos comprou a primeira refinaria de óleo da cidade e aos 30 fundou a Standart Oil Company, que viria a deter o monopólio do petróleo americano.

Como autêntico multimilionário, John Rockefeller possuía fortuna quatro vezes maior do que a de Bill Gates. Era excêntrico e tinha algumas manias. Desde jovem habituou-se a fazer religiosamente doações. Oriundo de uma família ligada à Igreja Batista, ele começou doando 6% e depois elevou para 10% de tudo o que ganhava para obras de caridade.

Quanto mais ele ganhava, mais ele fazia doações. Ele costumava distribuir moedas de cinco a dez centavos a quaisquer pessoas que visse pela frente: pobres, ricos, funcionários, qualquer pessoa que fosse. Chegou a dar uma para o milionário da indústria de pneus Harvey Firestone.

Rockefeller também comemorava o dia em que começou a trabalhar em seu primeiro emprego, com mais entusiasmo do que o seu próprio aniversário. Todos os anos, dia 25 de setembro, comemorava-se o Dia do Trabalho em suas empresas.

Abstêmio, ele durante toda sua vida não fumava e nunca ingeriu uma gota de nenhuma bebida alcoólica. Fez doações generosas de terra e dinheiro para as construções de museus, escolas, centro de pesquisa cientificas e universidades.

A vida filantrópica de John Rockefeller foi influenciada por sua mãe, mulher muito religiosa, que o incentivava a ganhar dinheiro de forma a ter sempre mais para doar à igreja. A família Rockefeller doa quase tanto dinheiro quanto ganha, relataram em livros as igrejas e instituições beneficiadas.

A lista de causas apoiadas por John é enorme. Igrejas, universidades e áreas na ciência, medicina e de pesquisa foram as mais beneficiadas com grandes fortunas doadas pelo empresário, que considerava sua riqueza como dádiva de Deus e, por esse motivo, deveria voltar aos mais necessitados.

Segundo os historiadores diversos museus e universidades não existiriam se não fossem as doações de Rockefeller.

Universidade de Chicago só existe por causa das doações de John Rockefeller



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