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Dia do Jornalista e a homenagem da data para Libero Badaró

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A "Casa Amarela", presente dado por Dom Pedro 1º para a amante Marquesa de Santos, onde foi palco de grandes bailes e saraus

Não é possível coexistir regime democrático sem liberdade de Imprensa e de expressão. São esses, valores exercidos, transparência e imparcialidade, que possibilitam à sociedade brasileira tomar conhecimento de tudo que se passa no Brasil e no mundo, por mais que se tente escamotear a verdade.

 O Jornalista contribui com o papel social, enfrentando desafios e adversidades todos os dias. Jornalismo é noticiar aquilo que alguém importante não quer que seja divulgado.

 Desde 1808, quando surgiu o primeiro jornal em língua portuguesa, o Correio Brasiliense, do jornalista Hipólito José da Costa, esta profissão desempenha um importante papel para a sociedade brasileira. O compromisso com a ética e a veracidade dos fatos é um a marca dos profissionais que acreditam na grande relevância de transmitir informação às pessoas, dando a elas à possibilidade de terem senso crítico e cultura.

 O dia 7 de abril é data oficial da profissão de jornalista por dois motivos. Primeiro porque sete de abril foi a data de fundação da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). E segundo pela homenagem prestada à Giovanni Libero Badaró. Médico nascido na Itália, mas que se notabilizou como jornalista no Brasil, Libero Badaró foi assassinado em São Paulo, numa emboscada na rua que leva hoje o seu nome, próximo à Praça da Sé, por denunciar as mazelas e orgias praticadas, com nosso dinheiro, por Dom Pedro 1º.  O movimento popular que se gerou por causa desse assassinato levou Dom Pedro 1º a se abdicar do trono em 1831, a 7 de abril. Em 1931, cem anos depois, a data foi oficializada como “Dia do Jornalista”.

 Quem foi Libero Badaró



 Giovanni Batista Líbero Badaró nasceu na Itália, onde formou-se em Medicina. Veio para o Brasil em 1826 e radicou-se na cidade de São Paulo, onde clinicava e dava aulas gratuitas de matemática. Era liberarista, ou seja, homem de princípios políticos em busca da liberdade dos cidadãos.

 Como defensor do liberarismo, fundou e redigia o jornal “O Observador Constitucional”. O jornal tinha feição moderada e ganhou a simpatia da população e da Maçonaria, da qual Badaró fazia parte. E não poupava críticas aos desmandos, gastos com amantes que o Dom Pedro 1º fazia, utilizando recursos públicos.

 Era 10 horas da noite do dia 20 de novembro de 1830, quando Badaró voltava para casa, na rua São José (hoje rua Libero Badaró), próximo da Praça da Sé, quando foi interpelado numa emboscada e brutalmente assassinado. Sua morte teve grande repercussão. Falam que testemunharam ele dizendo, antes de morrer: “Morro defendendo a liberdade. Morre um liberal, mas não morre a liberdade”.

 A repercussão da morte de Badaró foi imediata. Ao seu enterro compareceram mais de 5 mil pessoas e mas de 800 tochas foram acesas, na sua tumba foram gravadas suas últimas palavras.

 Reação da opinião pública

Estudantes de Direito do Largo São Francisco marcham em protesto contra o autoritário regime monárquico que culminou com a morte de Libero Badaró


 
A situação de Dom Pedro 1º, diante de seus escândalos amorosos e destempero comportamental, estava perdendo prestígio com fatos como esse, que demonstrava sua postura arbitrária, com a qual a burguesia que o apoiou já não concordava mais. Dom Pedro teve total apoio da elite no processo de independência, uma vez que os grandes comerciantes e fazendeiros da época ansiavam se livrar do controle de Portugal, a quem tinha de pagar elevados impostos.

O corpo de Libero Badaró, o mártir dos liberais brasileiros, recebeu seu jazigo no interior da Igreja do Carmo, no centro de São Paulo


 A morte de Libero Badaró foi imediatamente ligada a Dom Pedro 1º, apontado por muitos como o mandante do crime. A pressão popular foi tanta que ele, já fragilizado no poder, teve de abdicar-se do trono, abandonando a coroa sobre a cama de seu filho e legítimo herdeiro, Dom Pedro 2º, na época com apenas 12 anos de idade. Ele retornou à Portugal na companhia da madrasta do futuro imperador, que assumiu a coroa e se tornou o segundo imperador do Brasil, com apenas 14 anos de idade.

 Marquesa de Santos

Dom Pedro e a amante Domitila,
agraciada com palacetes no Rio de
 Janeiro e em São Paulo

 Domitila de Castro Canto e Melo, a famosa Marquesa de Santos foi amante de Dom Pedro 1º, imperador do Brasil, que lhe conferiu o título nobiliárquico de marquesa em 1826. Domitila não foi a única amante de Dom Pedro, mas foi a mais importante e a que mais tempo se relacionou com ele. Domitila foi casada com o brigadeiro Tobias de Aguiar, que foi o comandante da Guarda Imperial e governador que instalou a Força Pública. Ele é patrono da Polícia Militar de São Paulo e seu nome homenageia o batalhão da ROTA (Ronda Ostensiva Tobias Aguiar). Era também o mensageiro escolhido por Dom Pedro 1º para levar, a cavalo, cartas aos comandados no Rio Grande do Sul.

Solar da Marqueza, palácio mandado construir por Dom Pedro 1º, para presentear sua amante, ficava próximo ao Palácio da Quinta da Boa Vista, residência oficial da família imperial


  Antes de se casar com Dona Leopoldina, o príncipe se envolvera com uma bailarina francesa, chamada Noémi Thierry, com quem teve um filho. Durante seu relacionamento com Domitila teve outros quatro casos paralelos, como a esposa do naturalista francês Aimé Bonpland, Adele Bonplant. Outra francesa foi a modista Clemence Saisset, cujo marido tinha loja na rua do Ouvidor. Clemence teve um filho com Dom Pedro. Além das francesas, a própria irmã de Domitila, Maria Bendita de Castro Pereira, a Baronesa de Sorocaba, teve um filho com o imperador. Com Domitila foram cinco filhos, três mulheres, que faleceram prematuramente, e dois homens.

 Além do fato do imperador ter várias mulheres e casos extraconjugais e não ficar bem para a reputação, o maior problema eram os gastos que essas amantes causavam e acabavam surrupiando os cofres públicos.

Casa Amarela

O palacete conhecido como Casa Amarela abrigava grandes bailes e saraus

 Entre os casos que vieram à tona por exemplo está o presente da “Casa Amarela”, como ficou conhecida a mansão do número 293 da atual avenida Dom Pedro 2º, no bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Dom Pedro comprou a casa e mandou contratar uma reforma no estilo neoclássico com o arquiteto Pedro José Pézeral. As pinturas murais internas são obras de Francisco Pedro do Amaral, os baixos-relevos internos e externos são dos artistas Marc Ferrez e Zéphyrn Ferrez.

O palacete com dois pavimentos em estilo neoclássico foi erguido próximo ao Palácio da Quinta da Boa Vista. Com decoração interna e externa bastante requintada, tinha na parte traseira um jardim com espelho d’água e estatuária decorativa, criada pelo escultor Auguste François Marie Glaziou.

 Solar da Marqueza

Parte interna do Solar da Marqueza de Santos

 Outro imóvel, localizado na região central de São Paulo, conhecido como o Solar da Marquesa de Santos, tornou-se famoso por contas das grandes festas, saraus e bailes realizados por ela. Era um dos pontos conhecidos da aristocracia paulista. Em 1880, já com o rompimento das relações da marquesa com o príncipe, o solar foi comprado em leilão pela Cúria Diocesana e tornou-se Palácio Episcopal. Diversas obras foram realizadas, resultando em modificações na estrutura.

Em 1967 foi desapropriado pela Prefeitura e tornou-se patrimônio histórico da cidade de São Paulo.  

As pinturas internas do Solar da Marqueza foram encomendadas por Dom Pedro 1º por grandes artistas da época


 

 

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