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Câmeras de segurança registram momento em que o bombeiro civil, foge em motocicleta, após atear fogo na sede de jornal em Olímpia |
O
bombeiro civil Claudio José de Azevedo Assis confessou à Polícia Civil ter ateado
fogo na sede do jornal “Folha da Região” de Olímpia. O crime, ocorrido no dia
17 de março, ganhou repercussão nacional e foi alvo de repúdio por diversas
instituições de classe, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ANJ
(Associação Nacional dos Jornais), sindicatos dos jornalistas de diversos
Estados, da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e da ABI (Associação
Brasileira de Imprensa).
De
acordo com o delegado Marcelo Pupo, Claudio José de Azevedo Assis, de 55 anos e
com 20 anos atuando como bombeiro civil na prefeitura de Olimpia, foi flagrado
por uma câmera de segurança no momento em que sai de sua residência de
motocicleta, por volta das 4 horas da madrugada, e também por câmeras de
segurança nas imediações da sede do jornal.
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Delegado Marcelo Pupo durante coletiva à Imprensa para divulgar esclarecimento do caso (foto: Folha da Região de Olímpia) |
Conhecido
como Claudio Báia, o bombeiro se apresentou, na noite do dia 31, na Delegacia de
Polícia de Olímpia acompanhado do advogado criminalista Léo Bom. Confessou o
crime e disse que não conhecia o jornalista José Antônio Arantes, editor e proprietário
do jornal “Folha da Região” de Olímpia. A sede do jornal funciona num prédio construído há cerca de 70 anos e na parte superior morava o editor com sua família. O fogo, ateado por volta das 4 horas da madrugada, causou risco de vida ao editor, sua esposa e a sua neta de 9 anos.
Demissão
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Prefeito de Olímpia, Fernando Cunha, afirma que não coaduna com esse tipo de conduta e instaurou sindicância para demitir o servidor (Foto: Reprodução) |
O prefeito de Olímpia, Fernando Augusto Cunha (DEM) instaurou sindicância interna que pode culminar a demissão por justa causa do bombeiro municipal. Em nota distribuída à Imprensa, o prefeito manifestou repúdio à conduta do servidor, destacando que ao provocar o incêndio criminoso o servidor colocou em risco a vida das pessoas.
“Cabe ressaltar ainda que, em depoimento, entre as causas, o servidor cita manifestações políticas e administrativas e, inclusive, faz ameaças a governantes, com ênfase na figura do prefeito”, afirma a nota, emitida pela assessoria de imprensa da prefeitura.
“Diante da gravidade do fato, o município informa que irá afastar o servidor de suas funções e instaurar processo administrativo para apurar a ocorrência, tendo em vista que, mesmo que seja uma ação particular ocorrida fora do expediente, o ato é totalmente incompatível com os princípios do cargo público que ele ocupa”.
A nota da prefeitura é concluída afirmando que a administração municipal de Olímpia não compactua com atitudes criminosas e, desde o início, tem colaborado com as investigações policiais para esclarecer os fatos e garantir a segurança da população”.
Fanatismo
As redes sociais do bombeiro têm postagens replicadas contra o governador João Dória e contra prefeitos que adotaram o fechamento do comércio. Também tem postagens pedindo o fechamento do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo psicólogos, o grande perigo do fanatismo consiste na certeza absoluta e incontestável que o devoto tem a respeito de suas verdades. Pessoas fanáticas são partidárias extremistas, exaltadas e acríticas de uma causa religiosa ou política.
“Detendo
de uma certeza que lhe foi revelada por algum líder, o fanático não age com
razão quando defrontado com posições diferentes ou questionamentos daquilo que defende”,
afirma os estudos de Jaime Pinski. “São irracionais, autoritários e agressivos.
O fanatismo leva indivíduos a praticar atos violentos contra outras pessoas,
baseados na intolerância e na crença em suas verdades absolutas, para as quais
não admitem contestação”.
Conforme os estudos de Jaime Pinsky, os fanáticos acreditam que os fins, qualquer seja, justifica os meios, admitindo o uso de ilegalidades e até mesma a prática torturas e atos de violência. Há pelo menos quatro tipos de fanatismo: as religiosas, as racistas, as políticas e as esportivas.
O fanatismo nega o diálogo, nega a diversidade, nega o direito do outro à diferença. “Fanáticos carregam uma cegueira que não lhes permitem ver o outro que pensa e se comporta diferentemente como um igual”, afirma o psicólogo Jaime Silva. “Pior considera como inimigo todos aqueles que não compartilham da sua devoção. Para enfrentar isto, as instituições educacionais e religiosas têm que investir mais na educação, especialmente de crianças e jovens, para aceitarem a conviver com as diferenças e respeito as outras pessoas”.