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Jô Soares exibe cartão de vacinado (crédito: Natacha Mazzaro, da CBN/ Twitter) |
José Eugênio Soares completou 83 anos no último dia 16 de janeiro. Tem “gênio” até no nome dado à sua versatilidade artística. Estamos falando de Jô Soares ou simplesmente Jô, carioca da gema, humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, ator, diretor teatral, músico e poliglota. Ele fala fluentemente cinco idiomas> português, inglês, francês, italiano e espanhol, além de bons conhecimentos de alemão e mandarim.
Ele se vacinou, no dia 27 de fevereiro, contra a covid-19. Recebeu o imunizante no drive-thru do Estádio do Pacaembu, após enfrentar pacientemente uma fila enorme de carros.
Jô tomou a vacina da Universidade de Oxford/Astrazeneca. Após tomar a vacina ele exibiu o cartão de vacinação aos presentes, entre eles a repórter da CBN Natacha Mazaro, que fez o registro fotográfico. No mesmo dia e local o ex-presidente da República Michel Temer (MDB), com 80 anos, também tomou a vacina contra a covdi-19.
Ao ser vacinado, coincidentemente o governador João Dória estava no local e o saudou efusivamente, lhe gradecendo por vir tomar a vacina. Jô declarou, por várias vezes, não gostar de João Dória. “Quando Collor foi candidato a presidente da República, eu votava na mesma zona eleitoral que o João Doria. Quando cheguei para votar ele chegou e me deu um abraço efusivo. E daí andei um pouco e um uma pessoa chegou perto de mim e me perguntou se eu era amigo do Dória e contou que ele tinha colado um adesivo do Color nas minhas costas. Naquela eleição eu votei no Covas e fiquei indignado com essa molecagem dele”.
História
Nascido no Rio de Janeiro, Jô é filho único do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Pelo lado materno, é bisneto do conselheiro Felipe José Pereira Leal, diplomata que durante o Brasil Imperial foi governador do Estado do Espírito Santo. Por parte do seu pai, é sobrinho-bisneto de Francisco Camilo de Holanda, ex-governador da Paraíba.
Quando criança Jô queria ser diplomata. Estudou no Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro, e no Colégio São José de Petrópolis. Também estudou em Lausana, na Suíça, com este objetivo. Morou cinco anos na Europa e sempre que ia ao teatro se encantava com os bastidores dos artistas, de quem se tornou amigo. Percebeu ainda jovem que o seu senso de humor apurado e a criatividade artística o levavam para outra direção.
Ao voltar para o Rio de Janeiro, em 1958, foi convidado para fazer o papel de um americano na chanchada “O Homem do Sputnik”, dirigido por Carlos Manga e estrelado por Oscarito. Começou a escrever alguns atos para um programa na TV Continental, dirigido por Adolfo Celli, com Paulo Autran e Tônia Carrero no elenco. Começou a trabalhar na TV Rio em programas como Noites Cariocas, do humorista Silveira Sampaio. E também participava do Grande Teatro, da Tupi. “Eu conseguia trabalhar ao mesmo tempo nas três emissoras que existiam no Rio”, lembrou ele, numa entrevista para a TV Globo.
Em 1960 foi contratado pela TV Record e participou de inúmeros programas como Somonetti Show, La Reuve Chic, Quadra de Azes (ao lado de Zilda Cardoso, Darlene Everson e Cauby Peixoto), além dos famosos programas Show do Dia 7 e A Família Trapo.
Em A Família Trapo, Jô interpretava o mordomo Gordon, ao lado de Bronco (Ronald Golias), Otello Zeloni (Peppino Trapo), Renata Fronzi (Renata Trapo), Cidinha Campos (Verinha) e Sócrates (Ricardo Corte Real). O programa era dirigido por Manoel Carlos e Nilton Travesso. Recebeu diversos convidados para participações especiais como Pelé, Roberto Carlos e Elis Regina, entre outras personalidades famosas.
Com Renato Corte Real, protagonizou, a partir de 1970, o programa Fala Humor, Não Faça Guerra, marcando sua estreia na Globo. Depois atuou nos programas Satiricom e Planeta dos Homens.
Jô, no Planeta dos Homens, dividia a cena com grandes nomes do humor, como Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Luis Delfino, Sônia Mamede, Berta Loran, Costinha, Eliezer Motta e Carlos Leite. “Tinha sempre um macaco que falava coisas da maior sabedoria, e eu respondia: ‘o macaco tá certo’, um bordão que acabou ficando marcadíssimo”, lembra Jô.
Viva o Gordo
Em 1981 estreou seu próprio programa, o Viva o Gordo. Nesse programa criou o bordão ‘Viva o gordo e abaixa o regime”, numa crítica velada ao regime ditatorial dos militares que governavam o Brasil. “O meu humor sempre teve um fundo político, sempre teve uma observação do cotidiano do Brasil”, observou, numa entrevista a uma emissora de rádio.
Simultaneamente ao trabalho no Viva o Gordo, Jô Soares apresentava um quadro no Jornal da Globo. Também fez participação especial no musical infantil Plunct, Plact, Zuuum. EM 1987 ele deixou a Globo e foi trabalhar no SBT, onde estrelou o humorístico Veja o Gordo e realizou o sonho que acalentava há anos: apresentar um program de entrevistas, inspirado nos talks-shows americanos, o Jô Onze e Meia.
“Não foi uma mudança radical, mas uma continuação do meu trabalho de humor e também de jornalismo. Trabalhei quatro anos no jornal Última Hora, escrevi para a Folha de S.Paulo e revista Veja. E tem um lado irreverente que só eu posso fazer, com humor, com políticos”, disse, numa entrevista a um site de notícias.
Durante os 11 anos que o programa ficou no ar, Jô fez mais de seis mil entrevistas, com grandes personalidades brasileiras e internacionais, como o ex-presidente da União Soiviética Mikhail Gorbachev e Bill Gates, fundador da Microsoft.
Programa do Jô
Em 200, o humorista voltou à Globo para comanar o Programa do Jô, um talk-show na mesma linha do Jô Onze e Meia. “Voltei pela possibilidade de fazer mais entrevistas internacionais, pelas facilidades de gravações, pelo apoio do jornalismo”, lembra. A atração ficou 16 anos no ar.
Uma das conversas marcantes em sua trajetória na Globo foi com o cantor Roberto Carlos, avesso às entrevistas. Em rara aparição, o Rei falou sobre suas manias. Cantou uma de suas músicas preferidas: Estrada de Santos. E fez o entrevistador chorar quando cantou para ele a música “Amigo”. O último Programa do Jô foi ao ar no dia 16 de setembro de 2016 com o cartunista Ziraldo.
No cinema ele participou de 23 filmes como ator e dirigiu dois filmes. Também escreveu dez livros.
Vida pessoal
Jô Soares foi casado, entre 1959 e 1979, com a atriz Tehrezinha Millet Austresésilo, com quem teve um filho, Rafael Soares, que faleceu em 2014. Entre 1980 a 1983 foi casado com a atriz Silvia Bandeira, doze anos mais nova. Em 1984 namorou por dois anos a atriz Claudia Raia. Depois namorou a atriz Mika Lins e casou em 1987 com a designer Flávia Junqueira Pedras, de quem se separou em 1998. O apresentador admitiu sofrer de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Em sua casa os quadros precisavam estar tombados levemente para a direita.
Confira abaixo imagens do site Poder 360 e da CNN, durante a vacinação do apresentador:
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