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Os prefeitos mais votados do Brasil estão no Maranhão e em Itapevi

 

Em Itapevi, cidade na região metropolitana de São Paulo, o prefeito Igor Soares obteve 98% dos votos válidos, a maior votação do Brasil nestas eleições

São Pedro dos Crentes, cidade no extremo sul do Maranhão



Duas cidades brasileiras se destacaram nestas eleições por causa da votação quase unânime de seus prefeitos que foram a reeleição. Uma delas é Itapevi, que fica na região metropolitana de São Paulo. E a outra fica no extremo sul do Maranhão e tem um nome curioso: São Pedro dos Crentes.

O prefeito mais votado no Estado do Maranhão é o da cidade de São Pedro dos Evangélicos: o médico Lahesio Bonfim, 42 anos, que foi reeleito para o cargo com 3.136 votos, ou seja 90,11% dos votos.  Ele venceu sua concorrente e estreante na política Leila Coutinho (Republicano) e ainda conseguiu que o seu partido, o PSL, elegesse as nove vagas da Câmara, não sobrando suplência para nenhum outro partido. 

Médico Lahesio Bonfim obteve 90,11% dos votos válidos na cidade maranhense de São Pedro dos Crentes e conseguiu eleger todos os vereadores do seu partido


O vereador Roberto Vargas, do PT, teve 227 votos, superando a votação de três dos eleitos. Mas seu partido, assim o Republicano, não conseguiu atingir o quociente eleitoral desejado. Lahesio contou numa entrevista para uma emissora afiliada da Rede Globo, que pertence à família do ex-presidente José Sarney, de quem o prefeito se declarou aliado, revelou que seu sonho desde criança sempre foi ser prefeito.

Ele tentou em 2008 se eleger pelo PDT prefeito de sua terra natal, Marcos Parentes (PI), depois vice-prefeito pelo PSB em São Pedro dos Crentes. Em 2016 se elegeu prefeito pelo PSDB. Fã do presidente Jair Bolsonaro se filiou no PSL logo após as eleições de 2018. 

São Pedro dos Crentes, distante a 758 quilômetros de São Luiz, a capital do Estado, leva esse nome porque nos primórdios de 1940 o missionário húngaro João Jonas percorreu a região, ainda totalmente rural, montado em animais ou a pé para evangelizar o povo. Arrebanhou muitos fiéis e entre eles um rico fazendeiro, que antes de morrer doou em vida, suas terras para a Igreja Assembleia de Deus que acabara de ser fundada naquele povoado. E a igreja começou a doar pequenos lotes para que os fiéis viessem a morar no lugarejo.

Cidade causa estranheza

Atualmente quem visita a cidade de São Pedro dos Crentes é de estranhamento. Logo na entrada, o visitante se depara com alguns bares, homens bebendo, fumando e jogando sinuca em campeonatos que tem como premiação um boi vivo. Jogos, bebidas, cigarro e música nas alturas destoam da expectativa criada em torno da cidade cuja marca é a expressiva população evangélica e suas congregações. Estima-se que quase 70% da população é evangélica.

Outro fato interessante é que a cidade não possui estádio de futebol. Repudiar futebol não é consenso entre os evangélicos, mas em São Pedro dos Crentes este esporte é tratado como tabu. Alguns líderes religiosos proíbem a prática do esporte mais popular no Brasil e interpõem restrições bíblicas aos fiéis. Dizem que o futebol abriria caminho para os descaminhos como o consumo de álcool e outras práticas consideradas profanas.

Prefeito bolsonarista

Eleito pelo PSDB, prefeito se filiou ao PSL após visitar presidente Bolsonaro em Brasília, pedindo para não acabar com as cidades menores de 5 mil habitantes anunciadas pelo governo


Alinhado à extrema direita, o prefeito Lhaesio Bonfim, que é médico, trocou o PSDB pelo PSL e visitou o presidente Jair Bolsonaro quando ele anunciou que iria acabar com os municípios menores de 5 mil habitantes. São Pedro dos Crentes possui população estimada em 4.600 habitantes.

À reportagem da tv afiliada da Globo, ele contou que desde pequeno, quando viu o prefeito de sua cidade natal jogar bombons nas ruas para as crianças sonhou que um dia seria também prefeito. Ele lembra que havia 40 vagas para a Faculdade de Medicina e que ele passou em 39º lugar. Não tinha dinheiro para comprar os livros e xerocava os que emprestava dos colegas. 

Milionário

À Justiça Eleitoral ele declarou patrimônio de R$ 2,3 milhões que incluem as fazendas Coroatá e Letícia, casas, apartamentos e terrenos em Mangabeiras (BA), Balsas (BA) e Teresina (PI), além de 180 cabeças de gado avaliadas em R$ 350 mil. Na eleição anterior ele declarou metade desse patrimônio e quando foi candidato a vice-prefeito declarou ter patrimônio em torno de R$ 600 mil. 

Diz que doa todo seu salário como prefeito, de R$ 13 mil, para um Fundo destinado à construção de casas para famílias de baixa renda. “Aqui a gente conta com ajuda de empresários e fazemos mutirão. Até eu aprendi a ser pedreiro, e não tive muitas dificuldades porque meu pai era pedreiro. para assentar tijolos. A parede não sai muito retinha, mas nada que não possa depois se resolver”.

Em Itapevi, o mais bem votado do Brasil

Igor Soares, prefeito reeleito em Itapevi, foi o mais bem votado do Brasil, com 98% dos votos válidos nas urnas. Conseguir unir direita e esquerda


O Prefeito mais bem votado nestas eleições no Brasil foi o de Itapevi, Igor Soares (Podemos), de 39 anos. Ele foi reeleito prefeito e obteve 105.494 votos, ou seja 98% dos votos válidos. Seus dois concorrentes, Carlos Nascimento (PDT) e Silvio Márcio (PSOL), tiveram juntos 2.154 votos (2% dos votos válidos).

Igor declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 486 mil em bens. Entre eles um apartamento de R$ 200 mil no bairro Portal de Itapevi e um terreno no condomínio Morada nas Nuvens, avaliado em R$ 140 mil. Declarou também possuir um Chevrolet Spin, avaliada em R$ 79 mil, mas aliada junto ao banco Aimorés.

O prefeito reeleito de Itapevi nasceu em Curitiba (PR). É formado em Administração de Empresas com pós graduação em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi eleito vereador em Itapevi em 2008 quando tinha 27 anos, sendo então o mais jovem parlamentar na história da cidade.

Sua trajetória de vida é marcada pela perseverança. Orfão de pai e filho de uma professora da rede estadual de ensino, Igor teve que aprender muito cedo a lidar com as adversidades e desafios da vida. Começou a trabalhar aos 14 anos, após concluir o ensino fundamental numa escola de Itapevi.

Vereador atuante

Se destacou como vereador e em 2012 disputou como candidato a vice-prefeito não vencendo as eleições. Nas eleições seguintes, em 2014, se elegeu deputado estadual pelo PTN (Partido Trabalhista Nacional), do qual se tornou presidente estadual da sigla.

Em 2016 se elegeu prefeito de Itapevi com 66 % dos votos válidos. Em 2020, Igor conseguiu unir a esquerda e a direita em torno de sua candidatura à reeleição.  Itapevi talvez seja a única cidade do Brasil que conseguiu essa façanha em torno de uma candidatura única. 

A lista de apoiadores inclui o PSDB, da ex-prefeita Ruth Banholzer, médica e adversária de Igor nas eleições de 2016, o PSB de Márcio França e do também ex-prefeito João Caramez. Nem mesmo o PT quis lançar candidato e o ex-vereador Flaúdio apoiou Igor. Assim como o PSL, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro. 

Em Itapevi o prefeito reeleito foi o mais bem votado das eleições de 2020


“A aprovação da população credencia nosso governo, independente de ideologias políticas”, comemora o prefeito reeleito, acrescentando que todos tem o seu valor e contribuem ou contribuíram para o crescimento de Itapevi. “A gente sente orgulho porque é a única cidade do país que conseguiu unir esquerda e direita e colocou os interesses da população em primeiro lugar”.

E quem pensa que essa união da reeleição do prefeito Igor se deu em troca de cargos, pode tirar o cavalinho da chuva. O prefeito fala orgulhoso que, em quatro anos de mandato, conseguiu reduzir de 800 para 186 os cargos em comissão, de confiança, na prefeitura. “Esse risco não teremos aqui em Itapevi. Jamais vou criar mais cargos e fazer esse tipo de negociata”, garante.


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