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As gêmeas Liz e Maya recém-nascidas no Japão aumenta a prole da família Gonçalves
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A família Gonçalves está crescendo e ficando
internacional. Acaba de nascer, no Japão, as gêmeas Liz e Maya Yamashita
Gonçalves, para fazer companhia ao Théo, de 4 anos, filhos de Lidiane Yamashita e de Flávio Gonçalves. O nascimento das meninas deixou todos os
familiares alegres e orgulhosos.
A tia de Flávio, Aurea Gonçalves, irmã do Jair, o
avô “coruja”, que mora em Rinópolis (SP), terra natal do sobrinho que vive em
Mininokamo (cidade a 250 quilômetros de Tóquio, a capital do Japão), contou,
com água nos olhos de felicidade, que acompanhou o nascimento e crescimento de
todos seus sobrinhos e que agora também gostaria muito de estar perto para ver
o crescimento das novas sobrinhas japonezinhas. “É uma alegria muito grande
saber que agora lá do outro lado do mundo a gente também parente com o mesmo sobrenome
e sangue nosso”.
O casal, que mora há três anos no Japão, ficou
super radiante com a chegada das gêmeas. Mas, ao mesmo tempo, preocupados. Os
pais de Lidiane, que moram em Bastos, cidade do interior paulista, já estavam com as malas prontas quando veio a pandemia do
coronavírus. Fecharam todos os aeroportos internacionais e não puderam comprar as passagens para viajar ao Japão. Ninguém mais sai e
nem entra. “Foi bastante frustrante, pois contávamos com a ajuda deles. E eles
ficaram muitos tristes por não ter conseguido embarcar”.
Isolados no Japão
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Lidiane, com as gêmeas Liz e Maya no colo, o pequeno Théo e Flávio Gonçalves
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“Os japoneses são bastante reservados”, explica
Flávio. “Só se for muito amigo mesmo para chegar a fazer uma visita ou vir
ajudar. No nosso caso, não tivemos nenhuma”. O filho Theo está indo para a
escola. Fica lá o dia inteiro e já compreende bem o idioma e logo irá aprender
a ler e escrever em japonês. “Eu consigo falar o básico para me comunicar no
trabalho e minha esposa, por ser descendente, domina um pouco melhor o idioma”,
revela Flávio, acrescentando não ter tido problemas quanto ao idioma e nem no
recebimento e amparo médico durante a gravidez da esposa e o pós-parto. “Na
área de saúde aqui é tudo de primeiro mundo. Não tivemos nenhum problema. São
todos muito educados e profissionais sérios em que tudo que fazem”.
Morar no Japão pode ser uma experiência incrível,
o país tem belezas naturais, o povo japonês é reconhecido mundialmente por sua
educação e a gastronomia é patrimônio imaterial da Unesco (Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). O país tem avanços incríveis
em tecnologia. Mas os brasileiros que moram lá sentem falta do calor humano.
Normalmente não há aperto de mão, beijinho no rosto e abraços. Você se curva um
pouco e ponto. Essa é a forma fria de se cumprimentar uns aos outros entre os
japoneses.
A qualidade de vida e o poder aquisitivo no Japão
é muito superior à do Brasil. Lá é tudo muito bem organizado e regrado. O casal
mora num apartamento alugado e, em menos de dois anos, conseguiu comprar dois
carros novos. “Os carros aqui são baratos e indispensáveis para quem tem
filhos”, explica Flávio.
“A parte ruim no nosso caso é que somos sós aqui
não temos família aqui para ajudar em qualquer situação”, explica Lidiane, que
mesmo sendo descendente com os olhos puxados, muitas vezes, se sente isolada.
“Fora isso, por mais que somos bem acolhidos pelos japoneses, sentimos falta do
Brasil por temos sempre a sensação de que não estamos em nossa casa”.
Flávio e Lidiane se conheceram numa festa, em 2008, em Rinópolis. Contam que decidiram tentar a vida no Japão depois de ouvir
relatos de amigos e familiares. Sabiam que não seria nada fácil. Mas, mesmo
assim, com o filho Théo, na época com 1 ano de idade, tomaram coragem, se
despediram dos familiares em Bastos e Rinópolis e embarcaram rumo ao país do
sol nascente.
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O filho Théo segura no colo, todo feliz, com a irmã Liz
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As gêmeas japonesas Liz e Mayla: as novas integrantes da família Gonçalves
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Théo, também radiante, com a irmãzinha Maya
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Conselhos para quem ir para o Japão
Flávio trabalha há três anos na mesma empresa em Minokamo cidade com cerca de 50 mil habitantes a 250
quilômetros de Tóquio, onde se concentram algumas indústrias. De segunda a
sexta, das 8 às 17 horas, Flávio trabalha numa montadora de carros da Mitsubishi.
Aos sábados e domingos, numa transportadora. E Lidiane, que agora está de
licença maternidade, trabalha numa fábrica que produz aquecedores de água.
Indagado sobre qual conselho daria para os
brasileiros que pretendem se mudar para o Japão, Lidiane recomenda para esperar
passar a crise do coronavírus, porque muitas fábricas suspenderam suas
atividades e a escassez de emprego também surgiu por lá. Outro conselho é para
que nunca deixem de estudar idioma, pois as empresas estão querendo, cada vez
mais, pessoas que saibam se comunicar em japonês.
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A cidade de Minokamo, com cerca de 50 mil habitantes, fica a 250 quilômetros de Tóquio... |
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Localização Localização da cidade de Minokamo Shi no estado de Gifu Ken no Japão
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... a quase 20 mil quilômetros de distância da pequena Rinópolis, cidade de 10 mil habitantes no interior paulista, na região de Presidente Prudente
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O patriarca Daniel
Gonçalves
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O patriarca da família Gonçalves: Daniel Gonçalves e sua esposa Maria Gonçalves da Conceição (foto: reprodução de documentos da época)
Daniel Gonçalves nasceu em
21 de setembro de 1870, em Soure, pequeno povoado, hoje com cerca de 8 mil
moradores, nos arredores de Coimbra, em Portugal. Sua esposa Maria Gonçalves da Conceição nasceu em 14
de setembro de 1879, em Funchal, cidade portuguesa na ilha da Madeira que tem
hoje cerca de 110 mil habitantes. Não se sabe como eles conheceram, pois a
distância entre as duas cidades é de 1.131 quilômetros. Hoje de avião, em voo
direto, são duas horas de viagem. Pelo mar é quase um dia e meio de viagem.
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É bem provável que tenha
sido casamento arranjado entre as duas famílias. Casamento encomendado por
correspondência era usual naqueles tempos. Em 13 de maio de 1817 o príncipe Dom
Pedro 1º se casou, por procuração, sem nunca antes ter visto a noiva com a arquiduquesa
Leopoldina Habsburgo. Somente seis meses depois que eles se conheceram
pessoalmente. A mesma coisa aconteceu com Dom Pedro 2º que casou-se por procuração em 1843, em Nápoles, com
Teresa Cristina de Bouron, filha do rei Francisco 1º, da Sicília. Nem o noivo e nem a noiva estiveram presentes
na cerimônia de lavratura do casório no cartório.
Há desencontros nas informações. Segundo Rosana Gonçalves, tataraneta do casal que realiza, faz anos, trabalho de pesquisa sobre a árvore genealógica da Família Gonçalves, Daniel Gonçalves
desembarcou solteiro, no Porto de Santos, no Brasil, no dia 4 de julho de
1890. Fazia menos de um ano da Proclamação da República. Ele logo se empregou
em companhias e ajudou na construção e implantação de várias ferrovias. O casal
teve nove filhos: Antônio, Alfredo, José, Aurora, Laura, Manoel, Diolindo,
Serafim e Silvino. Essa prole produziu 35 netos e pelo menos 90 bisnetos e mais
de 100 tataranetos, entre eles as
duas japonezinhas Liz e Mayla.
Flávio, o pai das gêmeas
Liz e Maya, é filho do agricultor Jair Gonçalves e Lenita Ferreira Bispo. Jair
é filho do Silvino, o filho caçula do patriarca Daniel Gonçalves. Se estivesse
vivo, Silvino estaria completando 100 anos em 2020. Silvino nasceu em Taiuva,
mas fez sua vida como agricultor bem sucedido num sitio, no bairro do Bri, em
Rinópolis, ao lado de Valentina Fiorizzi com quem conviveu junto por durante
quase 75 anos.