Daniela Pereira é mãe de
Tiago, um garoto de 17 anos, que é autista. Ela conta que recebeu a informação
de que seu filho tinha sido diagnosticado com autismo quando o menino tinha
dois anos.
Essa era toda a informação
que muitos pais na época tinham: a palavra autismo. Não havia esclarecimentos
ou entidade que pudesse ajudar aquelas crianças afetadas com o transtorno, que
afeta o sistema nervoso.
A gravidade dos sintomas
pode variar amplamente. Os sintomas mais comuns incluem a dificuldade de
comunicação, a dificuldade com interações sociais, interesses obsessivos e
comportamentos repetitivos. Em geral, os autistas apresentam desenvolvimento
físico normal. Mas tem grande dificuldade para firmar relações sociais ou
afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado.
Como professora, Daniela
não se abateu e nem se desesperou com o problema do filho. Pelo contrário. Foi
à luta. Estudou. Fez pós-graduação e especialização na área, já que a maioria
das escolas e outras instituições rejeitavam as crianças com autismo. Começou a
se reunir com outros pais que tinham filhos com o mesmo problema.
Como tudo começou
A ideia era montar uma
instituição para ajudar na formação dessas crianças. “A gente tinha vontade,
mas não tínhamos informações e nem sabíamos como fazer”, lembra. Um grupo de
pais, com ajuda voluntária de alguns advogados, elaboraram os estatutos e
fundaram em 2012 a Associação Alma Autista.
No começo as reuniões eram
feitas na sala da casa de Daniela, que forneceu o endereço para funcionar como
sede da instituição. Felizmente a Associação dos Funcionários do Hospital de
Base ganhou um terreno da Prefeitura de São José do Rio Preto para construir
sua sede e, como necessitava, como contrapartida fazer filantropia resolveu
abraçar a instituição para ajudar.
A Alma Autista saiu então
do papel e começou a funcionar num espaço cedido pela Associação no bairro
Higienópolis. Há um ano e meio a instituição mudou-se para Bady Bassitt e
funciona num espaço alugado no bairro Lago Sul. Paga 1.300 reais mensais de
aluguel e clama por uma sede própria. O prefeito Luis Tobardini (PSDB) esteve
três vezes no local. E prometeu, todas vezes, que iria fazer doação de área
para sede da instituição. A última visita foi em novembro e ele prometeu,
segundo Daniela, que até fevereiro a instituição ganharia a sede própria.
Atendimento
Atualmente são 24 crianças
atendidas gratuitamente por uma equipe multidisciplinar completa, que inclui
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, professores e pedagogos. Entre os atendidos, estão três de Cedral, um
de Riolândia e outro de Álvares Florence. Essas prefeituras mantêm convênio com
a instituição e repassa, mensalmente, uma pequena verba para ajudar na
manutenção da casa. A maioria das crianças atendidas é de Bady Bassitt, cuja
prefeitura não repassa nenhum recurso.
A instituição é muito bem
equipada. Possui jardim sensorial e salas com materiais lúdicos de última
geração. Porém, por falta de espaço, ainda tem equipamentos de fisioterapia
encaixotados, que nem puderam ser montados. “É uma judiação termos esses equipamentos,
que custaram caríssimos, e não podermos usar por falta de espaço”.
Daniela afirma que o
reconhecimento precoce e o tratamento com as terapias comportamentais,
educacionais e familiares podem reduzir os sintomas, além de oferecer um pilar
de apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem. “Se tivesse antes todas essas
informações a educação do meu filho teria sido melhor e diferente”, frisa.
Karatê
O professor Kaná, mestre
faixa-preta de karatê, realiza trabalho voluntário no local. Duas vezes por
semana ele ali comparece para ensinar karatê aos alunos interessados. E um
deles, o Guilherme, se destacou recentemente numa competição regional dedicada
para deficientes.
De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), existe um caso de autismo a cada grupo de
110 pessoas. Estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes possua
cerca de 2 milhões de autistas. Um levantamento, feito em 2018, em 11 estados
norte-americanos revelou que 1 em 59 crianças tem autismo, constatando aumento
de 15% aos últimos dois anos.
Mais informações sobre a
instituição Alma Autista podem ser obtidas pelo telefone (17) 99714-2091
Daniela mostra à reportagem da Folha do Povo materiais e equipamentos usados na recuperação dos alunos |
Vários materiais lúdicos são utilizados no aprendizado para as crianças autistas |
Alunos na sala de aula com as professoras |
Criança interage no jardim sensitivo, sob os olhares atentos da psicóloga Maisa Milhim |
As crianças aprendem a identificar os diversos tipos de materiais, plantas e cheiros |
Um parque multi sensorial, com equipamentos de última geração, ajudam na recuperação das crianças autistas |
Sala de telemarketing onde funcionários e colaboradores realizam o serviço para pedir recursos à entidade |
Equipamentos de última geração e acompanhamento pedagógico e psicológico fazem da instituição uma das melhores |
Professor Kaná ensina técnicas de karatê para aluno da Alma do Autista |
Professora mostra apostila com figuras geométricas que ajuda no aprendizado das crianças |
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