Plataforma criada pelo Centro
de Inovação em Tecnologias para a Saúde do Serviço Social da Indústria (SESI)
recebeu, em Brasília, o Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade. Chamada
SEIF (sigla para Segurança, Informação e Formação), a ferramenta digital foi
construída em cima de inteligência artificial para monitorar em tempo real os
riscos de acidentes dentro da construção civil. A tecnologia é composta por
sensores embutidos nos capacetes dos funcionários e está inserida no contexto
de ações e iniciativas conectadas ao SESI Viva+.
O segmento da Construção de Edifícios apresentou o maior número de casos
de invalidez permanente no último ano, com 364 registros. Os dados apresentados
no Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, da Previdência, revelam os
riscos de acidentes dentro da construção civil. A expectativa é que ações e
ferramentas como a SEIF mudem essa realidade. Em Santa Catarina, uma empresa já
está testando o projeto, na construção do maior edifício da América Latina:
duas torres de 280 metros em Balneário Camboriú. O complexo residencial terá 81
andares e será concluído em 2020.
A ferramenta tem um objetivo principal: reforçar a gestão presencial de técnicos
de segurança do trabalho. Contribui para atender aspectos legais de segurança e
saúde no trabalho, mapeia o comportamento dos trabalhadores na obra e, em caso
de irregularidades, verifica a necessidade de treinamentos. As informações
captadas são enviadas a um aplicativo acessível aos gestores de segurança e
saúde da empresa para a tomada de decisão em tempo real. Entre os riscos
avaliados pela tecnologia está a entrada de empregados não-autorizados em áreas
de serra e vergalhões. Veja mais detalhes aqui.
Pesquisadora no Centro de Inovação do SESI em Tecnologias para a Saúde de
Santa Catarina, Juliana Teixeira, explica que a ferramenta surgiu no fim de
2016, com foco na construção, frente ao elevado número de acidentes no setor e
os índices de ações junto à Justiça do Trabalho. “O princípio da nossa solução
é que o trabalhador comece a entender os riscos que tem no ambiente de trabalho
e comece a cuidar da sua própria segurança”, observa.
A pesquisadora conta ainda que a ferramenta possui três modelos de atuação
: o módulo regulatório, com inspeções, check-listts, tudo para saber em que
nível a empresa está em oferta de segurança no ambiente de trabalho. No final
desse módulo, recebe um relatório monetizado mostrando quais multas estaria
correndo o risco de receber por conta das falhas e um ponto a ponto de
soluções. No segundo módulo, o de informações, a empresa cadastra informações
dos trabalhadores, como atestado e entrega de equipamento de proteção
individual; e forma um banco de dados.
O último módulo, de comportamento, é a junção dos dois outros módulos,
mais os softwares para fazer a gestão de risco. “Essa mudança de cultura, de
comportamento no canteiro de obra, não é só importante para o trabalhador, mas
também para a empresa que terá mão de obra mais qualificada e com uma cultura
de comportamento seguro incorporada nesse canteiro, auxiliando nesse processo
de competitividade , uma vez que você tem um trabalhador mais saudável, você
tem um trabalhador mais produtivo e, consequentemente, toda essa parte de
gestão da informação, traz uma segurança financeira para a empresa”, justifica
Juliana.
Projetos tecnológicos, como a plataforma SEIF, são desenvolvidos nos oito
Centros de Inovação implantados pelo SESI. Pesquisa realizada pela entidade
mostra que, para 76,4% dos gestores, a importância dada pela indústria
brasileira ao tema crescerá nos próximos cinco anos. O Prêmio CBIC de Inovação
e Sustentabilidade foi uma realização da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), por meio da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e
Produtividade da (Comat), com
co-organização do Senai Nacional; e foi realizado na terça-feira (11). A
iniciativa tem o objetivo de reconhecer, premiar e divulgar soluções
relacionadas à tecnologia e gestão de produção em construção civil, com foco em
sustentabilidade dos empreendimentos.
Tecnologia em prol da saúde
O SESI Viva+ chega para atender as demandas da
indústria brasileira quanto as necessidades de administrar de forma mais
eficiente a qualidade de vida dos trabalhadores. Por meio da plataforma, que
concentra a gestão da saúde dos trabalhadores em um único ambiente virtual, os
gestores podem compilar dados, juntar informações sobre a saúde de todos os
funcionários de diversos setores. Essas informações, agrupadas de forma
qualificada e estruturada, possibilita uma análise clara de como anda a saúde
dos trabalhadores. É possível, por exemplo, gerar estudos epidemiológicos para
apoiar as indústrias na redução de riscos legais, na redução de custos com
afastamentos, na prevenção de acidentes e aumento da produtividade no trabalho.
Os funcionários também têm acesso à plataforma. Podem consultar informações
sobre seus dados de saúde e receber alertas como os que avisam que algum exame
periódico está vencido. A ferramenta apoia ainda as empresas nos atendimentos
às questões relativas à Segurança e Saúde do Trabalho (SST) no eSocial -
sistema que comunica ao governo, de forma unificada, informações sobre saúde e
segurança dos trabalhadores. O SESI fornecerá às empresas um sistema com todos
programas legais dentro do parâmetro exigido pelo eSocial, levando em
consideração higiene ocupacional, ergonomia e análise de riscos.
Segundo Emmanuel Lacerda, gerente-executivo de Saúde e Segurança na
Indústria do SESI Nacional, o maior impacto esperado com o SESI Viva+ é a
redução de afastamentos por acidente ou doença no trabalho. “O trabalhador que
não se afasta impacta na produtividade das empresas. O trabalhador que tem
melhor saúde, melhor integridade física tem, obviamente, melhor requisito de
produtividade no seu trabalho”, justifica.
Pesquisa feita pelo SESI mostra que 71,6% das indústrias estão dando
prioridade à gestão de segurança e saúde dos trabalhadores. Entre os
entrevistados, 76,4% acreditam que o nível de atenção da indústria brasileira
com o tema deve aumentar nos próximos anos.
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