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Covid mata mais que violência, mas policiais seguem fora dos grupos prioritários da vacinação

 

Eduardo Becker, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais pede inclusão da categoria entre os prioritários para a vacinação

 

No ano passado, 22 agentes de segurança morreram em confrontos com criminosos durante o serviço, enquanto a Covid-19 matou 43 profissionais. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

 Apesar de desempenharem função essencial durante a pandemia, os policiais técnico-científicos não figuram no grupo prioritário de vacinação. Em dezembro, o Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (Sinpcresp) solicitou inclusão dos servidores da Polícia Técnica-Cientifica entre os grupos prioritários da vacinação. 

O pedido foi enviado ao secretário da SSP, general João Camilo Pires de Campos, e não foi atendido. “Peritos criminais e demais carreiras são expostos diariamente a riscos de contaminação, atendendo vítimas de crimes e seus familiares, além de manipular cadáveres tendo contato direto contato direto com secreções biológicas, como sangue, fezes, urina, vômitos”, disse o presidente do sindicato, Eduardo Becker. “Diante dessa realidade, solicitamos ao governo a inclusão no grupo prioritário, mas não fomos atendidos. Agora reforçamos a necessidade de imunizar quem está diariamente na rua se arriscando em nome da segurança pública. Esperamos que pelo menos os servidores que atuam em laboratórios que exames amostras biológicas e na linha de frente, atendendo a população e comparecendo a locais de crime, entre eles hospitais, sejam atendidos”.

Perita da Polícia Técnica durante trabalho de coleta de provas após crime


 Na avaliação da diretora do sindicato, Camila Guedes, o governo nega a alta exposição dos peritos criminais e demais policiais técnico-científicos. “O governo não está aberto ao diálogo e parece desconhecer o dia a dia do trabalho policial, de exposição não somente a pessoas vivas, mas também a cadáveres de morte suspeita”, afirma.

 Essa desvalorização das carreiras de segurança pública, felizmente, não é regra. Estados como Paraíba já vacinaram seus peritos, reconhecendo esta vulnerabilidade. “No início da pandemia o governo até se mostrou sensível ao trabalho pericial, publicando regulamentações para evitar a exposição dos profissionais, mas na prática eles não se mostraram eficientes, devido ao grande número de situações diversas que nós deparamos diariamente, e que não são amparadas por elas”, completa Camila.

No ano passado, 19 policiais militares, 21 policiais civis e três policiais técnico-científicos morreram em decorrência da doença. Ainda segundo o sindicato, há uma quarta morte de policial técnico-científico que está sob suspeita.

Em 2021, o número de mortes continua subindo. Até 5 de fevereiro, o saldo é de 59 policiais mortos. “Por causa da escassez de vacinas, o cronograma avança de forma lenta e, por isso, ainda não há previsão para que os policiais técnico-científicos sejam imunizados contra o coronavírus. Essa é mais uma forma de descaso com que os servidores da segurança pública são tratados diariamente. O número de policiais não traria grande impacto ao esquema de vacinação, mas é fundamental para proteger quem lida diariamente com o risco”, completa Becker.

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